Lukaku não entrou no jogo, solidez francesa fez diferença
Julio Gomes
10/07/2018 17h03
Foi o jogo equilibrado que se esperava, decidido no detalhe da bola parada. A Bélgica foi bastante superior à França no primeiro tempo e criou pelo menos três claríssimas de gol, em grande noite de Hazard.
Com uma linha de quatro atrás, com Chadli, um meia, jogando como lateral, a Bélgica conseguiu se manter segura atrás, ter a posse de bola e criar chances.
A bola teimou em não entrar.
O segundo tempo já começa com o gol da França, no escanteio. Foi o grande problema da Bélgica na Copa do Mundo. O Brasil teve, assim, sua chance para abrir o placar e mudar a história das quartas de final. Não aproveitou. A França aproveitou.
E já sabemos que, com este nível de equilíbrio, marcar primeiro é muito mais do que meio caminho andado.
A grande chave do jogo foi Lukaku não ter entrado em campo. Tanto no primeiro quanto no segundo tempos, o gol passou na frente de Lukaku. Mas o centroavante, tão bem contra o Brasil, parecia aéreo nesta terça.
Curiosamente, no dia antes da semifinal, o técnico Roberto Martínez havia dito que tirou Lukaku da posição centralizada contra o Brasil para que ele não sofresse entre os zagueiros. Hoje, voltou a deixar o camisa 9 pelo meio. E ele sumiu entre Varane e Umtiti.
Quando alguns atacantes não vivem sua noite, viram peso morto para o time. Hoje, não foi a noite de Lukaku.
A grande mudança da França promissora de 2014 e derrotada na Euro de 2016 foi a defesa. Da linha de trás, só Umtiti começou a decisão europeia dois anos atrás.
Fora o jogo louco contra a Argentina, a França só levou um gol nas outras cinco partidas. É sólida, cede poucas chances. Kanté é um motor, imparável. O time só cometeu SEIS faltas para ganhar da Bélgica.
Deschamps se livrou de uns trastes, arrumou laterais jovens e bons, ganhou Mbappé de presente e foi corajoso na convocação.
Antes da Copa começar, eu colocava Brasil e França na prateleira de cima. Um, decepcionou. A outra está onde deveria estar. Nos últimos 20 anos, a terceira final francesa em seis Copas do Mundo.
Sobre o Autor
Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.
Sobre o Blog
Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.