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A Copa do Mundo que qualquer um pode ganhar

Julio Gomes

25/06/2018 07h17

Por que confiar mais no Brasil, na Argentina ou na Alemanha do que na Bélgica, na Inglaterra ou na Colômbia?

Só há uma resposta para isso: tradição. Não há muitas outras razões que justifiquem que só um punhado de seleções possam ser consideradas candidatas a ganhar a Copa do Mundo.

Por que analisar pela camisa costuma dar certo? Porque possivelmente essas camisas ganharam peso ao longo dos anos com vitórias que não vieram de graça. Vieram porque essas nações tinham melhores jogadores, melhores métodos, mais cultura e conhecimento sobre o esporte.

Por que analisar pela camisa hoje é uma besteira? Porque esse conhecimento já não é mais exclusividade. Ele está disseminado e equalizado.

O que as duas rodadas iniciais da Copa nos mostrou é o que alguns de nós estamos dizendo faz tempo. O futebol está nivelado de verdade hoje. Dizer que "qualquer um pode ganhar de qualquer um" não é frase feita. É fato. Não é verdade que não tenham mais bobos no futebol. Tem sim. Bobos são aqueles que acham que ninguém mais sabe jogar bola fora aquele grupinho de dois ou três países que já ganharam muito no passado.

O Brasil não sofre porque é ruim ou porque Neymar chora. Sofre porque um time como o da Suíça, hoje em dia, consegue perfeitamente fazer um jogo igual. As habilidades técnicas são importantes no jogo para quebrar defesas, mas hoje em dia os meios para anular a suposta superioridade técnica do rival são fartos e bem utilizados.

Os jogadores destes países todos, inclusive os mais periféricos, estão atuando nos mesmos campeonatos há mais de uma década. A Copa não é o que era nos anos 60 ou 70, um festival em que cada país chegava lá para mostrar o que sabia. Essa turma aí da Copa está na tua TV quase todo dia, usando as mesmas camisas, jogando pelos mesmos troféus.

Brasil, Alemanha, Argentina, França e mesmo a Espanha não nos mostraram nada até agora que justifique considerá-los tão acima do resto. Quer dizer. Mostram nomes na camisa. Isso sim, essas seleções têm de sobra.

Croácia, Inglaterra, Bélgica, Colômbia e até mesmo, vejam só, Rússia e México, nos mostraram nestas duas rodadas que existe futebol além do grupelho de favoritos. E que podem, sim, bater qualquer um em 90 minutos.

A própria Colômbia nos mostrou neste Mundial como o futebol de hoje em dia está sendo decidido por detalhes. Uma expulsão fora de hora e você perde de um Japão. Uma escalação um pouquinho mais ousada e você atropela um cabeça de chave.

Brasil, Argentina e Alemanha precisarão jogar finais fora de hora nesta semana. É um jogo. Vida ou morte. A coisa pode sair bem, pode sair mal. A partir daí, é tudo eliminatório. Qualquer seleção que encaixar quatro jogos bons pode ser campeã. Qualquer uma.

Não tem aquela história do "jogou como nunca, perdeu como sempre?". Nesta Copa, quem "jogar como nunca" vai ganhar. Talvez como nunca.

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Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.


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