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Seis Champions seguidas sem final. E agora, Guardiola?

Julio Gomes

11/04/2018 04h00

"Eles são o melhor time do mundo. Mas sabíamos que podíamos vencê-los".

A frase foi de Jurgen Klopp, técnico do Liverpool, depois de eliminar o Manchester City, de Pep Guardiola.

Mas poderia ter sido dita por Di Matteo, em 2012, depois de o Chelsea tirar o Barcelona na semifinal. Ou por Simeone, em 2016, depois de o Atlético de Madrid eliminar o Bayern. Ou por Mourinho, em 2010, quando a Inter tirou o Barça. Bem, talvez ouvir isso de Mourinho seria surpreendente demais…

O fato é que a história se repete. Guardiola é um gênio. Desde que apareceu no cenário europeu como técnico, 10 anos atrás, mudou o futebol. Isso não é passível de debate. Os times dele (primeiro o Barça, depois o Bayern, depois o City) foram sempre os que melhor jogaram. Um futebol ofensivo, atrativo, apaixonante. Mas, na principal competição de clubes do mundo… os fracassos se acumulam.

Com o Barcelona, Guardiola foi campeão de duas das três primeiras Champions que jogou (2009 e 2011). Desde então, jogou a competição outras seis vezes. E nunca mais chegou à decisão.

O contraste com o desempenho em campeonatos de pontos corridos é tremendo. O título do Manchester City na Premier League é apenas questão de tempo. Será o sétimo em nove temporadas de Guardiola (ganhou três de quatro com o Barça e os três que jogou com o Bayern).

Seus críticos dirão que é fácil ganhar campeonatos longos de pouca competitividade com timaços nas mãos.

Eu acredito que a crítica possa até ser válida para os anos de Bayern. De forma alguma para os anos de Barcelona, quando Guardiola assumiu o comando de um clube em transição e vindo de duas temporadas horríveis. Foi ele quem construiu o timaço que o Barcelona mostrou ao mundo entre 2008 e 2012 (o mais dominante e encantador que vi em vida). No City, a evolução foi tremenda da temporada passada para a atual. É verdade que foram gastos muitos milhões no mercado. Mas contratar bem e fazer os jogadores encaixarem também é uma arte.

Sou fã de Guardiola. Muito fã. Estamos diante de uma figura que faz história, que mudou o esporte.

Mas não é possível ignorar tantas eliminações nas fases agudas da Champions. E das mais diversas formas. Há algo errado aí na tomada de decisões de Pep. Há algo errado na maneira de encarar a adversidade, tendo poucos minutos para resolver pepinos.

Como quando deixou o Bayern tão exposto aos (óbvios) contra ataques do Real Madrid, em 2014. Como na pane nos minutos finais do jogo do Camp Nou, em 2015. Ou como neste duelo contra o Liverpool, inventando escalações e mudanças táticas que nada tiveram que ver com o que time fez ao longo da temporada.

É verdade, também, que não foi ele que perdeu o pênalti contra o Atlético, em 2016. Foi Muller. Nem contra o Chelsea, em 2012. Foi Messi. Tampouco foi ele quem anulou um gol legal do City, ontem, que deixaria o jogo com um 2 a 0 no intervalo.

Nem tudo é culpa de Guardiola. Mas nem tudo o que Guardiola faz é perfeito.

Devemos nos habituar a imperfeições. Não precisamos nos render. Mas a vida é cheia delas.

 

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Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.


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