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Quem precisa de Neymar? Paulinho virou o substituto perfeito

Julio Gomes

23/12/2017 15h26

Paulinho melhor do que Neymar? Calma, calma. Com a bola nos pés, seria uma comparação do tipo Cristiano Ronaldo x Renato Gaúcho. Bizarra. Mas, para o Barcelona, está dando muito certo.

Quando perdeu Neymar para o PSG, no último mercado de verão europeu, o Barcelona saiu correndo atrás de um substituto. Apostou tudo em Philippe Coutinho. Não deu certo. E aí pagou um caminhão de dinheiro pelo jovem francês Dembélé, do Borussia Dortmund. Que logo se machucou e está há meses sem jogar.

Paulinho chegou sob muita desconfiança na Catalunha. Afinal, tinha fracassado no Tottenham e vinha de uma liga fraca, a chinesa. E por muito dinheiro. Além disso, não tem o "estilo Barça". Não é um "inho" como os outros brasileiros que passaram por lá.

Mas Ernesto Valverde, o técnico do Barcelona, que no teste de fogo de sua carreira vem calando muitas bocas, incluindo a deste escriba, sabia exatamente como usar Paulinho.

Do jeito que ele gosta e é mais perigoso. Chegando de trás, indo à área, finalizando, se infiltrando. Paulinho se consagrou assim, seja no Corinthians, seja nos melhores momentos vestindo a camisa da seleção brasileira. Não é um meio-campista defensivo, tipo Casemiro ou Busquets. Tampouco é um passador do estilo Modric ou Kroos.

Sim, ele sabe fazer o que precisa ser feito no meio de campo. Mas o forte mesmo é a chegada, até porque sua condição física, a capacidade de percorrer muitos metros de uma área a outra, é invejável.

Ele teria feito o segundo gol no clássico de sábado, não fosse a "defesa" de Carvajal. Foi em uma infiltração dessas que quase fez um gol no primeiro tempo, em um momento do jogo dominado pelo Real Madrid. Foi o melhor em campo nos 3 a 0 do Bernabéu, e isso não é pouca coisa.

Um colunista do jornal madrilenho "AS" resumiu assim: "Paulinho é um animal. Presença, posição, entendimento do jogo. Nunca uma contratação tão discutível deu tanto resultado".

Paulinho não é fera no que se convencionou chamar de "jogo posicional". Talvez por isso não participe de algumas partidas da Liga Espanhola, quando o Barcelona enfrenta adversários menores, aqueles duelos de ataques contra defesas. Mas podem estar certos de que ele vai aparecer em todos os jogos grandes da temporada, quando Valverde utilizará um time mais compacto.

Foi assim contra o Real Madrid. Será assim contra o Chelsea, nas oitavas de final da Champions League.

O Barça do trio MSN, principalmente nas últimas duas temporadas, era um time espaçado demais. Quase sem conexão entre defesa, meio e ataque. Não à toa, falamos e analisamos diversas vezes como o Barcelona era um time de jogo coletivo abaixo de outros gigantes da Europa, mas que salvava a vida em diversos momentos pela genialidade de Messi, Neymar e Suárez.

Sem Neymar, Valverde, que nunca foi um treinador superousado, encontrou em Paulinho o substituto perfeito.

O time passa a jogar em um 4-4-2, com liberdade total para Messi e Suárez – que ficava preso demais no centro da área. Paulinho ajuda o time na fase defensiva, dando mais números e consistência ao meio de campo. E aparece na frente, em alguns momentos até como centroavante, dando opções de passe e criando chances de gol.

É um time menos brilhante do que nos dias de Neymar, mas também menos vulnerável e mais equilibrado. Na minha opinião, dada a situação de três meses atrás, o clube catalão é a grande surpresa da temporada. O Barcelona é virtual campeão espanhol na virada do turno. E, com Paulinho, parece mais forte na Champions do que nos últimos anos.

 

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Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.


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