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Sem Itália e Holanda, Copa será a mais 'desfalcada' desde 94

Julio Gomes

15/11/2017 04h00

Com as eliminações de Itália e Holanda, ambas protagonizadas pela Suécia nas eliminatórias europeias, a Copa do Mundo de 2018 será a mais desfalcada do grupo de "potências" do futebol mundial desde a edição de 1994.

Na última vez que a Itália ficou fora de uma Copa, em 58, o Brasil ganhou seu primeiro título. Na última vez que a Holanda não se classificou para um Mundial, em 2002, o Brasil conquistou o penta. E na última vez em que mais de uma seleção campeã mundial ficou fora de uma Copa, em 1994, o Brasil ganhou o tetra.

Naquela ocasião, Inglaterra, Uruguai e França ficaram de fora da Copa organizada pelos EUA. A França ainda não era campeã do mundo, mas já tinha um time forte. Foi eliminada em casa, assim como a Itália nesta semana, de forma dramática, levando gol no último minuto. A alma só seria lavada quatro anos mais tarde.

Também não jogou a Copa de 94 a Dinamarca, então campeã europeia (92) – uma raridade, pois só três vezes na história o campeão europeu não se classificou para o Mundial seguinte. Esta é outra coincidência com a desfalcada Copa da Rússia. Além de Itália e Holanda, tampouco estará o Chile, campeão continental no ano passado. Foi apenas a segunda vez que um campeão de Copa América disputada a dois anos ou menos do Mundial acabou não se classificando.

Desde 98, quando o Mundial foi ampliado e passou de 24 para 32 seleções, tivemos três Copas com todos os campeões presentes: 2002 (mas sem a Holanda), 2010 e 2014 (estas, as únicas até hoje com as nove "grandes" presentes). Em 98 e 2006, o Uruguai foi o ausente após sucumbir nas eliminatórias.

Copas "desfalcadas" costumam trazer boas lembranças para o torcedor brasileiro.

No tricampeonato da seleção, em 70, não estiveram no Mundial do México quatro das nove seleções que formam o grupo de países com melhores resultados da história das Copas (o G9). Isso nunca mais aconteceu desde então – vale ressaltar também que, na época, nenhum dos quatro havia levantado o caneco, como veremos mais abaixo neste post.

Dos cinco títulos brasileiros, dois deles vieram em Copas em que algo raro aconteceu: dois países que já haviam sido campeões mundiais no passado acabaram não disputando a competição (58 e 94).

Devido ao desastre italiano, a Copa da Rússia, no ano que vem, será a décima da história em que alguma seleção que já levantou a taça um dia não disputará a competição (metade das vezes).

Quem forma o G9?

A seleção brasileira, todos sabemos, jogou todas as 20 Copas disputadas até hoje. Alemanha e Itália vêm em seguida, com 18 participações. A Alemanha, seja como Ocidental ou, depois, unificada, não perde um Mundial desde 1950. A Itália não ficava fora desde 58. A Argentina, com 16 participações, esteve ausente pela última vez em 70. Espanha, Inglaterra e França jogaram 14 Mundiais. A última Copa sem a Espanha foi a de 74, enquanto ingleses e franceses "faltaram" pela última vez em 94.

São oito países campeões de Copas. Mas este blog considera importante acrescentar a Holanda no G9 de potências. Afinal, a Holanda, que "existe no futebol" desde a década de 70, chegou a três finais (só menos do que as quatro seleções gigantes) e acabou entre as quatro primeiras colocadas em menos ocasiões somente que Brasil, Alemanha e Itália. Além, claro, de ter uma influência histórica no esporte moderno.

A Holanda jogou 10 de 20 Copas e chegou pelo menos à semifinal em metade de suas participações. Além das campeãs, outras nove seleções apareceram em mais Mundiais que a Oranje, mas sem a mesma relevância em teremos de resultados. O México, por exemplo, é o quinto país com mais participações (15), mas nunca passou das quartas de final.

Veja a lista das potências que faltaram em cada Copa:

1930 – Campeão: Uruguai. Faltaram: Alemanha, Itália, Inglaterra, Espanha e Holanda;
1934 – Campeã: Itália. Faltaram: Inglaterra e Uruguai;
1938 – Campeã: Itália. Faltaram: Inglaterra, Espanha, Argentina e Uruguai;
1950 – Campeão: Uruguai. Faltaram: Alemanha, França, Holanda e Argentina;
1954 – Campeã: Alemanha. Faltaram: Espanha, Holanda e Argentina;
1958 – Campeão: Brasil. Faltaram: Itália, Espanha, Holanda e Uruguai;
1962 – Campeão: Brasil. Faltaram: França e Holanda;
1966 – Campeã: Inglaterra. Faltou: Holanda;
1970 – Campeão: Brasil. Faltaram: França, Espanha, Holanda e Argentina;
1974 – Campeã: Alemanha. Faltaram: Inglaterra, França e Espanha;
1978 – Campeã: Argentina. Faltaram: Inglaterra e Uruguai;
1982 – Campeã: Itália. Faltaram: Holanda e Uruguai;
1986 – Campeã: Argentina. Faltou: Holanda;
1990 – Campeã: Alemanha. Faltou: França;
1994 – Campeão: Brasil. Faltaram: Inglaterra, França e Uruguai;
1998 – Campeã: França. Faltou: Uruguai;
2002 – Campeão: Brasil. Faltou: Holanda;
2006 – Campeã: Itália. Faltou: Uruguai;
2010 – Campeã: Espanha. Não faltou ninguém;
2014 – Campeã: Alemanha. Não faltou ninguém;
2018 – Campeão: ? Faltarão: Itália e Holanda.

Portanto, na última vez em que mais de uma seleção campeã mundial ficou fora de uma Copa, em 1994, o Brasil ganhou o tetra. E, antes disso, a Copa com mais integrantes do G9 ausentes havia sido a de 1970, que não teve Argentina, França, Espanha e Holanda – vale ressaltar que elas não eram exatamente potências, como hoje.

Considerando o momento da realização de cada Copa do Mundo, houve dez Mundiais (metade) com a presença de todos os países que já haviam sido campeões de alguma edição anterior. Houve três Mundiais em que dois campeões estavam ausentes. Em 1958, quando não jogaram Itália e Uruguai, e em 1978 e 1994, quando ficaram fora Inglaterra e Uruguai.

A Copa do ano que vem será a sétima da história em que um único campeão ficará assistindo em casa (no caso, a Itália). Nos outros Mundiais em que isso ocorreu, cinco vezes o ausente foi o Uruguai – 34, 38, 82, 98 e 2006 – e uma vez foi  a Inglaterra (74).

Alemanha, Argentina, França, Espanha e, logicamente, o Brasil, jamais ficaram fora de uma Copa depois de terem conquistado a taça pela primeira vez.

 

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Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.


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