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Derrota significa pouco para o Brasil, vitória é gigante para a Argentina

Julio Gomes

09/06/2017 09h07

A derrota da seleção brasileira para a Argentina, na manhã desta sexta-feira, na Austrália, significa pouco para o Brasil. Muito, muitíssimo, para os adversários. O gol foi anotado pelo zagueiro Mercado, no fim do primeiro tempo, e o Brasil desperdiçou boas chances de empatar no segundo tempo.

Foi a primeira derrota de Tite no comando técnico da seleção. Mas, convenhamos, ela chega após uma incrível sequência de nove vitórias nas nove primeiras partidas com Tite. Com classificação para a Copa do Mundo garantida (um ano atrás, vamos lembrar, o Brasil corria sério risco de ficar fora). E  com um time com a defesa inteira reserva e sem Neymar.

Por outro lado, a vitória significa demais para a Argentina. É ela que corre risco nas eliminatórias e não havia maneira melhor de Jorge Sampaoli começar sua caminhada.

Para o Brasil, era importante fazer testes, Tite saber com quem contar, observar variações táticas. Para a Argentina, o importante era vencer.

Sete meses atrás, a Argentina levou um vareio do Brasil no Mineirão. Era um time depressivo com Patón Bauza, que lembrava muito a seleção com Dunga. Jogadores nitidamente desconfortáveis em campo, descontentes. Com Sampaoli, muda o espírito, a dinâmica de jogo, e a Argentina volta a ser forte. Claro que tudo isso precisava vir com resultados. Uma vitória sobre o Brasil logo de cara clareia as coisas para Sampaoli.

O início do jogo mostrou uma característica marcante dos dois técnicos, que gostam que seus times marquem no alto, sufocando a saída de bola adversária. Tanto Brasil quanto Argentina avançavam a marcação até a área rival.

O Brasil, naturalmente mais entrosado, tinha menos problemas para sair jogando, enquanto a Argentina sofria. Em uma destas recuperações de bola, logo aos 5min, Philippe Coutinho teve a primeira boa chance de gol para o Brasil.

Logo depois, no entanto, a Argentina mostrou qual seria sua principal jogada no amistoso. Ao sair da pressão, Dybala acionou Di María, que jogou o primeiro tempo grudado na linha lateral. Ele avançou e, quase sem ângulo, chutou na trave. Di María trouxe muitos problemas para Fágner, possivelmente o pior do Brasil em campo.

Além de ter sofrido defensivamente, Fágner ainda tentou cavar um pênalti de forma patética no segundo tempo, em uma de suas poucas subidas ao ataque. Rafinha entrou no lugar dele e foi melhor.

A Argentina de Sampaoli atuava com três zagueiros, Gómez e Di María abertos, Biglia e Banega muito próximos na primeira linha no meio, Messi e Dybala muito próximos na segunda linha. Com o "pelado", os desenhos táticos são mesmos mais surpreendentes. Era um 3-6-1. Ou um 3-2-4-1.

Mais que nada, o que se notou foi uma Argentina mais leve e séria, com mais personalidade em campo. Foi notável a diferença para o time depressivo com Patón Bauza no comando.

A melhor chance brasileira no primeiro veio em um contra ataque puxado pela esquerda, um dois contra um em que Willian demorou demais para passar para Coutinho, que acabaria travado pela defesa.

A partir dos 30min, no entanto, a posse de bola argentina ficou mais perigosa, a seleção de Sampaoli passou a tomar conta do jogo em seu campo ofensivo. Dybala e Messi passaram a participar do jogo.

Foi difícil, no entanto, romper o fechadinho bloco defensivo brasileiro. O gol argentino acabou saindo em uma jogada com claro dedo do treinador. Escanteio cobrado para trás, cruzamento de Di María e a infiltração dos zagueiros. Otamendi acertou a trave, mas Mercado aproveitou o rebote.

No segundo tempo, no entanto, o jogo foi comandado pela seleção brasileira.

Tite fez alterações ofensivas e tentou criar um quadrado de frente ao colocar Douglas Costa no lugar de Renato Augusto – sumido, não pareceu se encontrar enquanto esteve em campo. Rafinha entrou bem na lateral direita. Já Sampaoli foi tirando de campo atacantes e reforçou o sistema defensivo. Messi nem foi visto no segundo tempo, não houve qualquer ameaça ao gol de Weverton.

A grande chance do Brasil veio em uma linda enfiada para Gabriel Jesus, que driblou Romero e, com gol vazio, chutou na trave. No rebote, Willian acertou a trave novamente. Com Willian pela direita e Coutinho pela esquerda, como jogam em seus clubes, o time funcionou melhor. Ao contrário de outras partidas, no entanto, o meio de campo simplesmente não funcionou.

Jesus participou muito do jogo e apanhou demais, mas acabou perdendo a melhor chance.

 

 

 

 

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Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.


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