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Seleção de Tite mostra diferença entre acelerar e contra atacar

Julio Gomes

06/10/2016 23h38

A seleção brasileira de Tite está em grande fase. Ganhou dois jogos difíceis na rodada passada e nesta quarta atropelou a Bolívia em Natal. Mais uma vitória sobre a Venezuela, terça, deixará o Brasil com um pé na Copa de 2018.

Foi um jogo quase perfeito do Brasil. Dominou, controlou a posse de bola, chegou aos gols e não deu chance alguma ao adversário: 5 a 0 na Bolívia. Não dá para pedir mais que isso.

O que é o jogo bonito, afinal? Hoje, jogo bonito é aliar dinamismo com verticalidade e gols. O que o Brasil fez.

Os anos da primeira era Dunga (nem vale a pena comentar a segunda) e mesmo o período curto com Felipão mostraram uma seleção brasileira apostando na velocidade. Na transição rapidíssima da defesa para o ataque para aproveitar a qualidade dos atacantes brasileiros partindo para cima dos defensores adversários com espaço para trabalhar.

Só que esta transição acontecia em contra ataques. O Brasil se acostumou a dar a bola para o adversário, se defender e, então, sair.

Com Tite, é diferente. Assim como fazem muitos times europeus, até mesmo os de Guardiola em determinados momentos e situações, o Brasil joga com a posse de bola. Com paciência. Troca passes como quem não quer nada e, então, quando encontra a situação, dá o bote.

Muitas vezes essa situação é consequência da aplicação tática, da marcação dos meias e atacantes na saída de bola rival. Uma vez roubada a bola, aceleração total. Foi assim que saiu o primeiro gol. Neymar rouba a bola, tabela com Gabriel Jesus e marca o gol número 300 de sua carreira (impressionante).

O segundo gol é uma pintura. Giuliano e Daniel Alves tabelam pela direita, e Giuliano assiste Philippe Coutinho, que fez ótimo jogo e se consolida no time titular.

O terceiro e quarto gols decorrem de acelerações que permitem a Neymar dar assistências a Filipe Luís e Gabriel Jesus. E o quinto gol, com o jogo já morto no segundo tempo, sai de escanteio. Até na bola parada a coisa está funcionando.

Uma coisa é dar a bola ao adversário, abdicar do jogo e tentar contra atacar. Outra coisa é tomar conta do jogo e acelerar só em alguns momentos. Correr menos riscos, dominar o andamento, o destino da disputa.

O Brasil de Tite faz isso. É o melhor jeito de jogar, aliando as melhores características do futebol brasileiro. Gostar da bola. Gostar de correr para cima do adversário. Gostar de meter gols. Gostar de ganhar.

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Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.


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