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Pensando no futuro, Brasil deveria pegar Holanda com Willian e sem '9'

Julio Gomes

11/07/2014 06h00

Quando o próximo técnico da seleção brasileira (ou Scolari mesmo, vai saber) fizer a convocação para os amistosos de setembro, contra Colômbia e Equador, nos Estados Unidos, a tendência é que uns dez jogadores ou mais se mantenham no grupo que vai até a Copa de 2018.

Pelo menos este foi o número mágico dos últimos dois ciclos. A primeira convocação de Dunga, em 2006, teve dez dos que seriam convocados para a Copa seguinte. A primeira convocação de Mano Menezes, em 2010, teve dez dos que chegaram com Scolari à Copa.

Em 2006, o país clamava por reformulação. Dos titulares daquela Copa, "se salvaram" só os zagueiros (Lucio e Juan) para a primeira convocação. Os outros seis mantidos por Dunga eram reservas do time de Carlos Alberto Parreira na Alemanha. A primeira convocação não teve Kaká e Ronaldinho Gaúcho, que ganharam uma geladeira, mas depois voltariam. E teve gente como Jônatas e Morais, lembra deles? Teve chances para jogadores "escondidos" no leste europeu, e Elano (então no Shakhtar) foi um dos que não saíram mais das listas.

Em 2010, o clamor não era tanto por uma nova atitude, mas por rejuvenescimento. E aí Mano Menezes pegou uma casca de banana, porque Dunga não havia levado à Copa jogadores jovens, mesmo que para ocupar o banco de reservas. Só quatro sobraram da Copa da África para a primeira convocação – Thiago Silva, Daniel Alves, Ramires e Robinho.

Além de levar os óbvios Neymar e Paulo Henrique Ganso, Mano acertou em cheio ao convocar David Luiz, então desconhecido no Benfica. Outros, como André (então no Santos), Jucilei (Corinthians), Ederson (Lyon) e Carlos Eduardo (Hoffenheim) acabaram não tendo carreiras consistentes para aguentarem o ciclo.

Do grupo atual da seleção, o da Copa de 2014, Marcelo, Hernanes e Neymar são exemplos de jogadores que já tinham bola e idade para terem ganhado experiência na Copa de 2010.

Deste crime, Scolari não pode ser acusado. O grupo jovem, talvez jovem até demais, deverá ter vários dos jogadores que serão convocados para o próximo Mundial.

Este poderia ser o critério principal para a definição do time que entra em campo na disputa do terceiro lugar, contra a Holanda. Não botar para jogar quem não estará mais na seleção, priorizar os jogadores com futuro.

Pensando nisso, o time deveria ter em campo Willian, Oscar e Bernard, por exemplo.

Quem será que ainda tem futuro na seleção?

Goleiros – Júlio César merece um jogo de despedida mais digno do que os 7 a 1? Talvez. Mas o normal seria que jogassem Jefferson ou Victor. Ambos têm 31 anos, estavam na primeiríssima convocação de Mano e podem aguentar mais um ciclo.

Laterais – Para Maicon é game over. Daniel Alves quer tomar a decisão de seguir ou não na seleção "de cabeça fria". Pensando no futuro, tanto faz quem jogue. Na esquerda, Marcelo será o dono da posição ainda por muitos anos, enquanto Maxwell deve ficar pelo caminho. Seria melhor dar mais minutos a Marcelo.

Zagueiros – Thiago Silva, hoje com 29, e David Luiz, com 27, devem ser os titulares por muito tempo e possivelmente na Rússia. Henrique, com 27 anos, tem idade para seguir por um ciclo. Mas tem bola? Capaz que Scolari o coloque contra a Holanda para agradecer pelos serviços prestados. Dante já tem 30 anos, mas seria legal atuar depois dos 7 a 1.

Volantes – Paulinho, 25, Luiz Gustavo, 26, e Ramires, 27, podem tranquilamente seguir por mais um ciclo. Para Fernandinho, 29, e Hernanes, também 29, a coisa é mais difícil. Talvez Hernanes merecesse alguns minutos. O normal é jogar com Luiz Gustavo e Paulinho, apesar de eles já terem jogado bastante juntos.

Meias e atacantes – Neymar (22), Oscar (22), Willian (25) e Bernard (21) são jogadores com idade para chegarem bem à Copa 2018. Willian treinou muito bem, ameaçou até ser uma sombra a Oscar e depois sumiu. Precisa jogar contra a Holanda para acumular milhagem. Bernard é quem tem mais potencial para "desaparecer" no próximo ciclo, vai depender muito do treinador e do Shakhtar. Hulk, 27, estaria com 31 anos na Copa. Será que chega? Talvez pudesse ser visto como atacante no sábado, para ver se desencanta.

Centroavantes – Fred e Jô. Nenhum deles deve voltar a ser convocado e, se Felipão quiser ajudar, seria bom a seleção começar a jogar sem um camisa 9. É a tendência absoluta do próximo ciclo.

Fazendo um mix de homenagens, experiências e tendências, o time contra a Holanda poderia ter: Victor; Daniel Alves, Thiago Silva, Dante e Marcelo; Luiz Gustavo, Hernanes e Oscar; Willian, Hulk e Bernard.

Daqui a quatro anos, estaremos lamentando o fato de algum jovem da atualidade ter perdido a chance de ganhar experiência na Copa? Provável que seja o caso de Philippe Coutinho e/ou Ewerthon Ribeiro, para a meia, Rafael, para a lateral direita, e, talvez, Lucas Moura para o ataque. No fim, considerando a temporada que tiveram e o potencial, talvez tivesse mesmo mais sentido levar Lucas, e não Bernard, para a Copa do Mundo.

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Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.


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