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Di María não é Neymar, mas é desfalque fundamental. Aguero diz que volta

Julio Gomes

05/07/2014 21h48

Perguntei a Sergio Aguero, de forma simples e direta. "Você está bem?". "Sí, sí". "Vai jogar na quarta-feira?". "Sí, sí". O homem diz, então, que voltará. El Kun não fazia uma Copa espetacular até se machucar contra a Nigéria. Mas é craque, um atacante de qualidade bastante acima da média e um conforto para a Argentina.

A experiência com Lavezzi no ataque não gerou algum tipo de revolução, então a volta de Aguero é fundamental para Messi e Higuaín em um momento em que a Argentina perde Angel Di María.

A lesão não parece grave, mas lesão muscular não costuma sarar em uma semana. Di María estava devastado na zona mista, após a partida contra a Bélgica. Passou pelos jornalistas com olhos vermelhos, de quem havia chorado muito, de quem sabia que a Copa já era passado para ele. O melhor jogador da final da Champions League paga o preço de uma temporada extenuante.

A circunstância não foi dramática como a lesão de Neymar, não foi causada por outra pessoa. Mas o resultado é absolutamente o mesmo. Tristeza dos companheiros, sensação de "ganhemos por ele" e, o principal, sério desfalque para o time.

"É uma preocupação muito grande, ele é um grande jogador", falou Javier Mascherano, em bom português. "Angel é muito importante, jogador chave, decisivo, que aparece sempre nos momentos importantes", disse o substituto de Di María contra a Bélgica, Enzo Pérez. "Todos sabemos o nível de Fideo e o que ele traz para o time. Se ele não puder jogar, temos muitos jogadores que podem ser usados pelo treinador e o mais importante é isso, o grupo", analisou Lavezzi. "É um jogador muito importante, mas teremos algum outro que possa substitui-lo", comentou o volante Biglia, que virou titular no time argentino no lugar de Gago, dando mais consistência ao meio de campo.

Todos os jogadores com quem conversei na zona mista estavam preocupados. Não tristes, como os brasileiros em Fortaleza. Mais preocupados do que tristes.

A contusão de Neymar tem um peso simbólico tremendo. Depois de o país falar por tanto tempo em "Neymardependência", perdê-lo fez muitos adotarem o discurso do "já era". Mas é mais simbólico do que prático, visto o que vimos nos jogos contra Chile e Colômbia. Já a contusão de Di María talvez seja mais devastadora na prática do que simbólica.

Di María não é o Neymar da Argentina. Todos sabemos que o jogador mais importante da Argentina é Messi. Só que Di María está em um segundo lugar disparado, bem mais perto de Messi do que do terceiro colocado, seja lá quem este for. Está para a Argentina mais ou menos com a dupla de zaga está para a seleção brasileira. É o plano B para que as coisas deem certo.

O exemplo claro disso veio com aquele gol no último minuto da prorrogação contra a Suíça. Mas, antes, Di María havia feito uma partida brilhante contra a Nigéria. Ele é o que Oscar não consegue ser para o Brasil, ou pelo menos não consegue ser na medida que todos querem. Um motorzinho tático, que marca, fecha espaços, rouba bolas e, com ela, rompe defesas. Tem drible, velocidade e finalização.

Faz-se um sistema para anular Messi. E Di María machuca esse sistema, além de fazer um incrível trabalho para o time.

Quem vai entrar no lugar de Di María? Neste sábado, Sabella usou Enzo Pérez, apesar de este ser mais um volante do que um meia no Benfica. Uma opção é Maxi Rodríguez, um jogador experiente, que também trabalha taticamente, mas que não tem a mesma explosão ofensiva. Lavezzi seguindo no time me parece uma opção arriscada demais.

Minha impressão é que a Argentina fará, nas duas partidas finais, o mesmo que o Brasil fez em 2002. Todo mundo defende, linhas juntas, e três atacantes lá na frente para resolver as coisas.

Contra a Holanda, a Argentina precisa se preparar para ser contra atacada e para anular Robben. Não será tarefa fácil. Os hermanos vão precisar muito de Messi, o Deus. Porque o Anjo já não está mais.

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Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.


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