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Quem cai? Flu "derrete", mas tem tabela mais fácil e é a chave para todos

Julio Gomes

04/11/2013 06h00

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Quem vai cair para a segunda divisão? Essa pergunta, difícil de responder, foi a mais recorrente desde o início do Campeonato Brasileiro. Mais do que o "quem vai ser campeão?". Porque isso, o Cruzeiro já é. Desde aqueles 3 a 0 no Botafogo, a coisa ficou encaminhada. Para matar na próxima rodada, basta ganhar do Grêmio e torcer por um tropeço do Atlético-PR. Se não for nessa próxima, será na outra. Faz tempo que ninguém se pergunta quem será o campeão, porque não precisa.

"Quem vai para a Libertadores?". Essa também foi pouco feita, porque parecia tudo definido entre Grêmio, Botafogo e Atlético-PR. Com o derretimento do Botafogo e a chegada forte do Goiás, além de Vitória e São Paulo, que estão por ali, quem sabe essa briga fique legal nas últimas rodadas. Pela tabela, o Goiás tem tudo para avançar firme rumo à Libertadores. O São Paulo, se quiser sonhar, tem obrigatoriamente que ganhar do Atlético-PR fora, na próxima rodada, logo depois de voltar de Medellín. Ou seja… muito difícil.

Mas e se Grêmio ou Atlético-PR ganharem a Copa do Brasil? Aí de repente abre mais uma vaga e tudo pode mudar.

Santos, Corinthians, Flamengo e Inter já estão na pasmaceira, não vão nem ficam, já pensam em 2014. Acredito que, dentro de duas rodadas, Cruzeiro, Atlético-MG, Vitória e São Paulo também estarão na mesma pasmaceira, cada um por motivos diferentes. E aí, amigos, o que sobra mesmo é a pergunta que já vem sendo falada com força desde antes mesmo de o campeonato começar. "Quem vai cair?".

Mais abaixo nesse post, eu fiz o seguinte. Peguei os sete ameaçados (quatro vão permanecer, três vão cair) e coloquei ali três informações: 1) Quais são os seis próximos rivais no Brasileiro; 2) Quantos pontos têm esses rivais somados, hoje, na tabela; 3) E criei um grau de dificuldade em função de contra quem vai jogar e onde.

Para determinar o grau de dificuldade, separei os times do Brasileirão em grupos e outorguei pontos para cada duelo e dependendo do jogo ser em casa ou fora. É totalmente subjetivo e já levo em conta, por exemplo, que quem enfrentar o Cruzeiro vai enfrentar um Cruzeiro já campeão. Por isso, seria mais fácil jogar contra o campeão despreocupado do que um time disputando vaga na Libertadores. Os graus de dificuldade estão explicados no final desse post. Podem discordar, claro que podem. É pura opinião minha, vocês estão mais do que convidados para concordar ou cornetar a minha tese, desde que com respeito e sem ofensas. Como sempre.

Em função de tabela e grau de dificuldade, eu digo. Ponte Preta e Criciúma já eram. A Ponte, eu acho que já era desde o final do primeiro turno e, apesar do esboço de reação, a coisa só vai afundando conforme aparecem viagens e jogos pela Sul-Americana. O Criciúma poderia chegar aos tais 45 pontos ganhando do Náutico e as três que tem a fazer em casa. Mas, primeiro, será que 45 pontos serão suficientes? Segundo: não é que o "caldeirão" de Criciúma tenha sido assim tão eficiente. Os dois têm jogos complicados, só um confronto direto contra rivais, não vejo como conseguirão ganhar quatro de seis. Podem ter um suspiro daqui até o fim, mas acabarão caindo.

Se isso se consumar, sobrará uma vaga. Eu acredito que Bahia e Coritiba escapem já nas próximas rodadas. Se não o fizerem, aí sim, se complicam no final. Mas ainda têm margem de erro. A Portuguesa é a candidata mais forte a brigar com os dois gigantes do Rio e tem uma tabela mais difícil que a do Vasco e bem mais difícil que a do Fluminense. Além de ter jogadores sem receber salários, jogar para estádios vazios e raramente contar com uma ajuda decisiva da arbitragem (nesse Brasileiro, não ocorreu uma vez sequer. Não será na reta final).

A Portuguesa, se quiser se salvar, tem de ganhar de Coritiba e Atlético Mineiro, dois jogos no Canindé nos próximos dois finais de semana. Se não ganhar um deles, vira favorita ao rebaixamento. Se ganhar as duas e com o bom saldo de gols que tem, aí sim a casca de banana fica mesmo para Fluminense e Vasco.

O Fluminense, dos sete, é quem tem, disparado, a tabela mais amigável. Pega o Corinthians fora, o que é perigoso porque o Corinthians está jogando melhor e precisa provar algo na reta final. Mas depois pega Náutico em casa e, na sequência, São Paulo, Santos e Atlético-MG, todos eles muito menos interessados do que um time que joga pela salvação.

Só que, à parte a tabela fácil, o Flu é também o clube mais afundado na crise, com três empates e cinco derrotas nos últimos oito jogos. Luxemburgo fica ou sai? É melhor que fique ou que saia? Quem manda realmente, o presidente do clube ou a Unimed? Será que o campeão brasileiro vai ser rebaixado na primeira oportunidade em que a torneirinha do patrocinador terá se fechado? Seria catastrófico para a parceria e, claro, para os tricolores.

O Flu, para mim, é o mais imprevisível dos sete que estão na luta para não cair. Pode arrumar sete pontos nos próximos três jogos e se tranquilizar para a reta final. Ou pode nem ganhar do Náutico e fazer o contrário de 2009. Naquele ano, ficou quando ninguém mais esperava. Neste ano, pode cair sem que ninguém tenha pensado nisso até a hora H.

E o Vasco não vai conseguir escapar só fazendo seu trabalho de casa, apesar da tabela mais complicada que a do Fluminense, mas menos do que a da Portuguesa. Porque, logicamente, não ganhará cinco ou seis jogos. Três vitórias seria um número realista, levaria a 45 pontos. Para se salvar com 45, vai precisar ou do derretimento completo do Flu ou então que um dos três acima (Portuguesa, principalmente) entre naquela coisa de ganhar só uma das últimas seis.

Olhando para a tabela, Criciúma e Ponte caem, Bahia e Coritiba se salvam, Vasco e Portuguesa lutam pela última vaga dentro da elite. E o Fluminense? Para mim, é a chave do destino de todo mundo. Tem tudo para ficar. Mas está fazendo de tudo para pagar aquela Série B. Vocês sabem, aquela da Copa João Havelange…

SITUAÇÃO CLUBE A CLUBE
(*confrontos diretos)

– Coritiba (40 pontos, 10 vitórias, saldo de -3)
Portuguesa (f) *
Corinthians (c)
Criciúma (c) *
Inter (f)
Botafogo (c)
São Paulo (f)
Pontos dos adversários: 255
Grau de dificuldade: 15

Chave: Mesmo que perca para a Portuguesa o confronto direto, depois resolve a vida se ganhar em casa de Corinthians e Criciúma. Se se enrolar nesses próximos três jogos, passa a estar bastante ameaçado na reta final.

– Portuguesa (39 pontos, 10 vitórias, saldo de +1)
Coritiba (c) *
Botafogo (f)
Atlético-MG (c)
Bahia (f) *
Ponte Preta (f) *
Grêmio (c)
Pontos dos adversários: 267
Grau de dificuldade: 17

Chave: Ganhar de Coritiba e Atlético-MG em casa dará tranquilidade para buscar somente um empate nos três jogos finais. Começou bem o segundo turno, mas só ganhou uma das últimas seis. Se não fizer a lição de casa, terá de buscar a salvação em confrontos diretos fora de casa contra Bahia e Ponte.

– Bahia (38 pontos, 9 vitórias, saldo de -7)
Atlético-MG (c)
Santos (f)
Náutico (f)
Portuguesa (c) *
Cruzeiro (f)
Fluminense (c) *
Pontos dos adversários: 252
Grau de dificuldade: 12

Chave: Nos próximos quatro jogos, ganhar pelo menos uma em casa, bater o Náutico e voltar de Santos sem perder. Se faltarem pontos aí, poderá decidir a vida em casa contra o Fluminense, que talvez esteja livre, talvez esteja também lutando pela salvação.

– Fluminense (36 pontos, 9 vitórias, saldo de -6)
Corinthians (f)
Náutico (c)
São Paulo (c)
Santos (f)
Atlético-MG (c)
Bahia (f) *
Pontos dos adversários: 235
Grau de dificuldade: 10

Chave: Dos ameaçados, é quem tem a tabela menos complicada. Bastariam três vitórias no Maracanã e um resultado em Santos. Se não fizer os resultados em casa, terá de buscar a salvação em Salvador na última rodada.

– Vasco (36 pontos, 9 vitórias, saldo de -9)
Santos (c)
Grêmio (f)
Corinthians (f)
Cruzeiro (c)
Náutico (c)
Atlético-PR (f)
Pontos dos adversários: 280
Grau de dificuldade: 15

Chave: Cenário mais realista é ganhar os três jogos no Maracanã, um deles contra um Cruzeiro já campeão, e torcer para que o Fluminense derrape ou um dos três mais acima tenha um daqueles colapsos de ficar sem vencer na reta final. Se não vencer a próxima, contra o Santos, fica com o pé na cova.

– Ponte Preta (34 pontos, 9 vitórias, saldo de -11)
Vitória (c)
Goiás (f)
Cruzeiro (f)
Grêmio (c)
Portuguesa (c) *
Inter (f)
Pontos dos adversários: 303
Grau de dificuldade: 18

Chave: Tem de ganhar quatro dos seis jogos e, no meio disso, vai à Argentina tentar a vida na Sul-Americana. A Ponte deve cair e vai ficar lembrando daquela derrota para o Náutico, em Campinas. O milagre da salvação passa por ganhar do Vitória, bater o Cruzeiro de ressaca e, depois, vencer mais duas em casa.

– Criciúma (33 pontos, 9 vitórias, saldo de -15)
Náutico (f)
Atlético-PR (c)
Coritiba (f) *
Vitória (c)
São Paulo (c)
Botafogo (f)
Pontos dos adversários: 259
Grau de dificuldade: 16

Chave: Na reta final, não venceu em casa nem a Portuguesa nem a Ponte Preta. Se ganhar do Náutico e as três em casa, se salva. O problema é que vai receber três times em ótima fase e com aspirações de Libertadores, além de sair para um duelo direto em Curitiba.

Grau dificuldade (fora de casa)
Atlético-PR, Grêmio, Botafogo, Goiás – grau 5
Cruzeiro, Atlético-MG, Vitória e São Paulo – grau 4
Coritiba, Portuguesa, Bahia, Fluminense, Vasco, Ponte Preta e Criciúma – grau 3
Santos, Flamengo, Internacional, Corinthians – grau 2
Náutico – grau 1

Grau dificuldade (em casa)
Atlético-PR, Grêmio, Botafogo, Goiás – grau 3
Cruzeiro, Vitória, São Paulo, Coritiba, Portuguesa, Bahia, Fluminense, Vasco, Ponte Preta e Criciúma – grau 2
Atlético-MG, Santos, Flamengo, Internacional, Corinthians – grau 1
Náutico – grau 0

Antes do início do campeonato, este blog considerava Náutico, Bahia, Portuguesa, Ponte Preta, Criciúma e Goiás os mais fortes candidatos ao rebaixamento. E o Vasco seria o único dos 11 grandes com chances reais de cair. Logicamente, o Goiás fez uma campanha para lá de surpreendente e está brigando na ponta da tabela em que eu achei que fosse estar o Fluminense. Bahia e Portuguesa, se se salvarem, o farão pelos brilhantes trabalhos de Cristóvão Borges e Guto Ferreira. Já o Coritiba, pelos pontos acumulados no início do campeonato, pelos pés de Alex. Mantendo a lógica de pontuação, futebol apresentado, técnico escolhido para a hora H e dificuldade da tabela, o Vasco parece ser um candidato forte ao rebaixamento. Como eu imaginava em maio. Mas vamos esperar para ver…

 

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Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.


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