Técnicos estrangeiros são "modinha" boa para o futebol brasileiro
No Palmeiras, Jorge Sampaoli é o plano A, B e C. Não se fala de outro nome. No Santos, os nomes são Beccacece, o Sampaoli-B, Ariel Holan e Miguel Angel Ramírez, os últimos campeões da Sul-Americana. O Atlético Mineiro também quer Sampaoli. O Inter quer Coudet. O Athlético-PR queria Beccacece, agora parece estar à espera de Rogério Ceni.
O futebol brasileiro é "modinha" na contratação de treinadores, e isso se deve essencialmente ao amadorismo dos dirigentes. Eles jogam para a torcida.
Se um ano a coisa dá certo para alguém com técnico veterano, toca todo mundo ir atrás de técnico veterano. Se no outro a coisa dá certo com um "da nova geração", toca todo mundo ir atrás de técnico promissor.
Em 2017, o Corinthians acerta com Carille. Em 2018, vai todo mundo atrás de um Carille. Palmeiras com Roger, Flamengo com Barbieri, etc. Em 2018, o Palmeiras acerta com Felipão, e vai todo mundo atrás do seu Felipão. Flamengo e Santos atrás de Abel, o melhor exemplo.
Flamengo e Santos foram os que acertaram por linhas tortas neste ano e encaixaram com Jorge Jesus e Sampaoli. A moda agora, pois, é trazer técnico estrangeiro.
Palmeiras e Santos estão "obrigados" a trazer um técnico estrangeiro, porque os dirigentes sabem que a opinião pública quer isso. Nada impede que, no mercado de 2020 para 2021, o sentimento seja diferente.
Nem todo treinador brasileiro é ruim, muito pelo contrário. Tem muita gente por aqui que sabe muito de futebol. Mas dois fatores atrapalham o desenvolvimento da classe por aqui: 1) os alto salários pagos no futebol brasileiro; e 2) o resultadismo.
Os altos salários fazem com que seja muito mais cômodo participar da ciranda nacional do que batalhar espaço lá fora.
A cultura do resultadismo gera duas situações. Técnicos apegados ao emprego e que sabem que somente os resultados, não importa o modo de obtenção, irão sustentá-los. A segunda situação é a alta rotatividade. O cara não quer ser demitido, mas, se for, tem a tranquilidade de saber que logo será encaixado. O calendário nefasto e o amadorismo da cartolagem servem de álibi para muita gente incompetente.
Mas, como eu estava dizendo, tem muito técnico bom no Brasil. E tem muito técnico ruim lá fora. Quantidades? Um pouco difícil medir. Quem está na Europa, tem vantagem. É o centro do altíssimo nível, são os melhores campeonatos, os melhores jogadores, os maiores orçamentos, ótimas estruturas.
Uma das grandes vantagens da Europa é o intercâmbio. A proximidade entre os países, o fácil trânsito. Isso faz com que profissionais levem sua bagagem para cá e para lá, adquiram mais conhecimento, transfiram. É o tal ciclo virtuoso.
No Brasil, temos pouco intercâmbio. Estamos muito afastados dos nossos vizinhos, não transferimos quase nada, absorvemos quase nada. Até mesmo o intercâmbio interestadual é frágil.
Aí está a grande vantagem de a "modinha" dos técnicos estrangeiros pegar e virar algo além da modinha, virar algo habitual. Seria bom para todo mundo.
Não serão todos Sampaolis. Não terão todos times como o que Jorge Jesus tem em mãos. Vai ter gente ótima, média e ruim. Vai ter trabalho dando certo e errado. Seguiremos reféns do amadorismo da cartolagem e a ciranda vai continuar. Mas certamente seria criado um ambiente enriquecedor dentro dos clubes de futebol.
De grão em grão, é possível absorver e melhorar.
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