O que é pior, torcedor? A humilhação de uma noite ou o horror duradouro?
É difícil imaginar o Corinthians de Carille levando a sova que o São Paulo de Diniz levou do Palmeiras.
Tirando o chocolate levado contra o Independiete del Valle, em Itaquera, teríamos de voltar a janeiro para encontrar outra derrota por dois gols de diferença (para o Red Bull, no Paulista).
O Corinthians não leva goleadas, não é humilhado. Como foi o Grêmio de Renato no Maracanã, como aconteceu com times de Diniz, como aconteceu com Sampaoli algumas vezes, como aconteceu até com o Flamengo de Jorge Jesus em Salvador.
Tem muita gente que considera inaceitável que um time grande seja goleado. Não importa o contexto. Não importa o que foi tentado naquele jogo, não importa o que aconteceu uma semana antes, o que pode acontecer uma semana depois. Muitos preferem ver seu time jogar e ter resultados previsíveis. As vitórias serão apertadas, mas as derrotas serão raras e serão vendidas por um preço alto.
A derrota apertada do Corinthians para o CSA só se transforma em algo grande porque vem na esteira de uma série de maus resultados, senão passaria quase em branco, como um pequeno acidente.
Já uma derrota por 3 a 0 (e foi pouco!) para o Palmeiras, um rival, gera muito mais barulho para o São Paulo e seu treinador, ainda que seja antecedida de bons resultados e um esboço de bom futebol.
Times treinados por técnicos mais ofensivos e corajosos ficam sujeitos a essas coisas. Aos extremos. Farão jogos épicos, mas levarão sovas humilhantes aqui e ali.
Na minha opinião, Carille não tem ainda a capacidade de fazer seus times jogarem bola. É, no entanto, um exímio treinador na parte defensiva. Já Diniz é o oposto. Consegue fazer seus times jogarem, mas não consegue evitar que apanhem.
Defender é mais fácil que atacar, destruir é mais fácil que construir. Assim, é mais fácil obter resultados da primeira maneira, a margem do bom e do ruim fica bem pequena.
Com a palavra, o torcedor.
É preferível ver seu time tentando jogar bola, muitas vezes jogando bem, algumas vezes goleando, mas outras vezes pagando o preço e sendo atropelado?
Ou é preferível um time previsível, que vive no marasmo, conseguindo vitórias e sofrendo derrotas sempre apertadas, que definitivamente passam longe de entrar pra história?
O que é mais sofrido? Levar uma goleada em uma noite ruim ou conviver com um futebol burocrático e horroroso semana após semana?