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Julio Gomes

Clássico inglês mostra como o VAR deve intervir no jogo

Julio Gomes

20/10/2019 15h26

Manchester United e Liverpool empataram por 1 a 1, no Old Trafford, no maior clássico inglês. Isso não quer dizer que sejam os dois melhores times do momento, é o maior jogo do país por uma série de razões.

A partida em si foi completamente dominada pelo Liverpool, que é o time a ser batido na Inglaterra, na Europa, no mundo. Só sofreu um gol em um lance em que foi prejudicado pela arbitragem, no primeiro tempo, e depois martelou, martelou, martelou, até chegar ao empate nos minutos finais e manter uma invencibilidade que vem desde janeiro na Premier.

Mas aí o leitor deve estar se perguntando. Como o título deste post fala bem do VAR se o Liverpool foi prejudicado?

Vamos lá. A falta de Lindelof, de United, em Origi, do Liverpool, é claríssima. Na minha opinião e de um monte de gente. Mas o árbitro Martin Atkinson estava a poucos metros do lance, com visão clara da jogada. Ele manda seguir, o United recupera a bola e faz o gol.

Todo lance de gol é revisado, e o VAR possivelmente tenha avisado sobre a possível falta na origem do lance.

O que o árbitro fez? Perdeu exatos zero segundos com a mensagem. Ele viu o lance ao vivo, interpretou na hora. É um lance de interpretação. Se está decidido no campo, está decidido. Não tem que ficar caçando irregularidades, como eles têm feito aqui, perdendo horas no monitor.

Errou? Errou. Na minha opinião, errou. Mas não foi lá matar o jogo olhando a TV para reinterpretar. Não é para isso que serve o VAR.

Poucos minutos depois, o Liverpool empataria com Mané. No lance, o senegalês toca a bola com o braço, mesmo que involuntariamente. É falta. O VAR avisa, e o juiz perde um total de zero segundos indo ao monitor de vídeo. É um lance objetivo. Falta, o VAR avisa que foi falta, o juiz confia na mensagem, marca, anula o gol, segue a vida.

O VAR deveria servir SOMENTE para lances objetivos, como o do gol anulado do Liverpool. Sem perda de tempo. O VAR nunca pode servir para árbitros ficarem reapitando o jogo. É melhor um erro, como o ocorrido no gol do United, do que o assassinato do espírito e da dinâmica do jogo.

Mais uma vez, a Premier dá o exemplo. Basta seguir. Lá o jogo era ótimo e continua ótimo com o VAR. Aqui, o jogo era ruim e ficou péssimo porque não sabem como usar um recurso que deveria ajudar, não atrapalhar.

Quando à tabela de classificação, a vantagem do Liverpool para o Manchester City cai de 8 para 6 pontos. O time de Klopp perde os 100% de aproveitamento. Ainda assim, considerando o estádio em que jogou hoje, mesmo contra um rival enfraquecido, o Liverpool sai de campo de cabeça erguida.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.