Nadal e Cristiano: lendas do suor, eles fizeram o impossível
Rafael Nadal jogou 95 partidas em sua carreira em Roland Garros. Perdeu duas. Foi campeão 12 vezes em 14 tentativas.
Falar os números não é suficiente para dimensionar o feito de Nadal. Em uma era ultracompetitiva do jogo, contemporâneo de dois dos maiores da história, no Grand Slam mais equilibrado e até mesmo "aleatório" de todos, devido à superfície…
Pensem no choro de Agassi, de Federer, de Djokovic ao ganhar Roland Garros. Porque ganhar em Roland Garros só acontece para quem as estrelas se alinham naquelas duas semanas. É um Grand Slam tão maluco que um moleque de Floripa que ninguém conhecia, fora do top-50, vai lá e ganha. Sempre tem alguém inspiradíssimo que pode se colocar em posição de fazer história.
Mas Nadal destruiu a aleatoriedade. Com sua vontade de vencer, perseverança, mentalidade inacreditavelmente vencedora, ele fez o impossível.
Assim como Cristiano Ronaldo, no mesmo dia, escreveu mais uma página em sua história de lenda. Levantou outro troféu para Portugal. Três anos após a Euro-16, Portugal ganha a primeira Liga das Nações da Europa, um torneio que claramente veio para ficar. Tudo isso 15 anos após o trauma de Lisboa, a derrota para a Grécia na final da Euro-2004.
Eu estava no Estádio da Luz aquele dia, a impressão que tive foi de "nunca mais". Portugal não chegaria mais a ter uma chance como aquela.
Mas Cristiano Ronaldo seguiu firme e forte, por 15 anos, defendendo sua seleção. Nunca ameaçou sair, nunca pediu folga em jogos contra seleções menores, nunca reclamou de férias, nunca soltou petardos do tipo "não dá para ganhar sozinho". Em 15 anos, foi diversas vezes eleito melhor do mundo, virou capitão, líder, exemplo, manteve Portugal no topo, com seguidas classificações para Copas e Euros (que, antes dele, não eram tão triviais assim).
E, agora, Portugal, um país minúsculo, na periferia da bola europeia, ganha mais uma taça de peso.
Nadal fez o que parecia impossível em Roland Garros. Cristiano Ronaldo fez o que parecia impossível para Portugal.
Ah, mas e o Federer? Ah, mas e o Messi? Duas lendas também. Abençoados no nascimento, com um talento natural brutal, que talvez Nadal e Cristiano não tenham da mesma forma.
Mas Nadal e Cristiano nos mostraram, nestes 15 anos, que muito trabalho, muito suor, muito esforço, muito profissionalismo, aliados ao talento que obviamente têm, podem te levar ao panteão das grandes lendas do esporte. Eles têm em comum o inconformismo com as derrotas, um gigantesco drive de suas vitórias.
Felizes todos nós, que pudemos testemunhar isso ao vivo.
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