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Julio Gomes

Neymar de volta ao Barça? Um sonho para todas as partes

Julio Gomes

29/05/2019 06h00

A notícia foi veiculada pelo jornal escocês "Daily Record", que não tem lá tanta relevância, mas assinada pelo amigo Duncan Castles, um dos mais bem conectados e informados repórteres do mundo quando se trata de mercado da bola. Duncan publicou, anos antes da transferência ser anunciada, como seria o negócio Neymar-Barcelona-Neymar pai-Santos. E acertou tudo.

Pois bem. Desta vez, a notícia é de que Neymar pode voltar ao Barcelona, e o clube catalão estaria oferecendo ou Philippe Coutinho ou Dembélé ao PSG em troca do astro brasileiro. A informação já começa a circular também nas páginas e rádios catalãs, e isso é sinal de que a coisa é quente.

Na visão desta blogueiro, o PSG sempre foi uma ponte na cabeça do clã Neymar. Uma escala no voo Barcelona-Real Madrid, que outros jogadores fizeram (Ronaldo, Figo sem escalas).

Como o que eles não contavam? Que Neymar fosse detestar Paris, como detesta. Que fosse se arrepender tão amargamente de ter deixado Barcelona, seus amigos, a vida ótima por lá. E que o projeto esportivo do PSG para estes anos com Neymar fosse fracassar de forma tão retumbante, não chegando sequer às quartas de final europeias.

A imagem de Neymar se deteriorou consideravelmente nestas duas temporadas. Fez uma Copa do Mundo em que virou piada planetária, colecionou polêmicas na França por desrespeitar colegas e adversários (caso Cavani, etc), deu soco em torcedor, enfim.

É claro que o Real Madrid, comprador como sempre foi sob a batuta de Florentino Pérez e após a temporada bisonha que fez, quer Neymar. E é claro que o Barcelona quer Neymar, pois já viu que, só com Messi, é só Espanhol que ganha. Só que o brasileiro não vale mais o que valia.

Uma volta de Neymar ao Barcelona seria perfeita para ele, pois cairia em um clube que já conhece, reconquistaria a torcida rapidamente e seria o parceiro que Messi precisa. Sem taaaantos holofotes, fatalmente voltaria a render. É um craque, afinal de contas.

Para o Barcelona, seria um sonho. Recuperaria o jogador por menos do que vendeu, voltaria a garantir o futuro pós-Messi e o presente com Messi (mais dois anos neste nível?) ganharia novas perspectivas de títulos.

E para o PSG? Sinceramente… a questão agora para os franceses (ou catarianos, como queiram) é vender bem Neymar. Eles já sabem que não adianta insistir. O cara detesta a cidade, não vai mudar o clube de patamar e ainda vale muito dinheiro.

Só Dembélé? Piada. Só Philippe Coutinho? Um pouco menos piada. Os dois juntos? Aí começa a ficar interessante. Eu pediria Suárez e Rakitic. Vai que cola.

O fato é que o PSG não tem uma lista muito grande de compradores para Neymar e ficou com o abacaxi na mão. Melhor aceitar um bom negócio, mesmo que não excelente, e construir tudo em volta de Mbappé, garantir que o prodígio francês fique e seja o grande pilar do clube para os próximos anos. Eu canalizaria meus esforços em segurar Mbappé, não Neymar.

Se conseguir vender bem Neymar, o Paris volta a seguir um caminho de solidez e sem colocar o carro na frente dos bois. Deixa de ser refém de um mimado. Pode desmantelar a panelinha destruidora de vestiário e montar um elenco mais sólido para a Europa.

Seria uma segunda chance para todos corrigirem um erro grotesco cometido em nome do vil dinheiro. Vamos aguardar os próximos capítulos.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.