Se Tite barrar Neymar na Copa América, será besta ou bestial?
Só há uma indicação de que Tite possa barrar Neymar na Copa América que se avizinha: o fato de já ter barrado Douglas Costa por indisciplina. OK, dá para ampliar um pouquinho, já que Tite adota um discurso de paz, fair play e do "fazer as coisas certas" desde sempre, o que torna o cenário ruim para o jogador do PSG.
Situações diferentes, lógico. Neymar não é Douglas Costa. E a Copa América não é um amistoso.
Tite está com a cabeça a prêmio, ainda que ninguém confirme. A fase não é boa após a Copa-2018. Se, antes, tudo o que ele falava ou fazia parecia a coisa certa, agora, pelo contrário, parece que nada tem sentido. E as palavras voam, sobram, aborrecem, cansam.
Resultadistas como somos, é óbvio que a Copa América pode significar tudo ou nada para Tite na seleção. Não importaria se fosse uma Copa América difícil, como foi a de 2011, por exemplo, ou mesmo a do Centenário. Diga-se, não é o caso. A Copa América está uma baba para o Brasil, que jogará em casa, vê os rivais mais tradicionais em transição ou mesmo sem rumo, tipo a Argentina.
Com Neymar, lógico, as chances são maiores.
Um treinador com a cabeça a prêmio prescindiria de seu melhor jogador? Seria uma "besta", certo? É o que pensam muitos. Eu mesmo acredito que Tite não abrirá mão de Neymar. Vai falar bonito, vai dar algum castigo, tipo tirar a tarja de capitão, e simbora, corrente para frente, salve a seleção.
Mas e se Tite abrisse mão de Neymar?
O ponto negativo é óbvio: um time mais fraco.
Mas será que não há pontos positivos?
1- O Brasil pode ser campeão sem Neymar. Como já disse, não é a Copa América mais complicada de se ganhar, e o fator casa conta.
2- A opinião pública, sempre dividida sobre Neymar e sua postura, parece ter escolhido um lado após o papelão do "garoto" na Rússia. Neymar já incomoda mais do que agrada. É claro que bastam dois gols, alguns lances de efeito e uma reportagem carinhosa na TV para essa mesma opinião pública colocá-lo de novo no patamar em que nunca esteve, ao lado de Messi e Cristiano Ronaldo. Mas, se não jogar, não tem como agradar, certo?
3- O caso específico do soco no rosto do torcedor pegou muito mal para Neymar, dificilmente Tite seria criticado por barrá-lo. Não há muita margem de defesa para Neymar após a agressão.
4- Se perder a Copa América, Tite tem um álibi. Escolheu tomar a decisão disciplinar, e não o resultado a qualquer preço, e acabou tendo que jogar sem seu maior talento. A culpa, pois, não é dele.
Se convocar Neymar, Tite ficará abraçado a esta "traição" dos princípios que prega. Ganha a Copa América e segue o jogo. Mas, se perde…
Se Tite pensar de forma estratégica, pode deixar Neymar de lado e, se for campeão, aumentar de tamanho. Se perder, talvez possa evitar uma indesejada demissão. Pode ser "bestial".
É a corda bamba dos técnicos. Não é uma decisão trivial, a de Tite. Barrar Neymar pode comprometer as chances da seleção, mas pode, também, recuperar o apoio perdido pelo treinador nos últimos meses.
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