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Julio Gomes

Juventude são-paulina passa pela prova de fogo no Allianz

Julio Gomes

07/04/2019 18h14

Não é só chegar à final do Paulista. O que a garotada do São Paulo conseguiu neste domingo foi superar uma barreira. No Allianz, onde sempre apanha, onde parecia se apequenar a cada visita, o Tricolor conseguiu voltar a se sentir grande. E ainda ganhou Thiago Volpi, o goleiro que pegou dois pênaltis. Será que finalmente o problema da substituição de Rogério Ceni será resolvido?

Ah, e se o São Paulo tivesse perdido nos pênaltis? Se tivesse perdido, o diagnóstico seria o mesmo. O título deste post já estava escrito da seguinte forma: "Palmeiras fica com a vaga, São Paulo, com a esperança".

Afinal, o Palmeiras, campeão brasileiro e favorito a tudo, parece que joga cada vez pior. Seja fora, contra um fraco San Lorenzo, ou em casa, contra um jovem São Paulo, o Palmeiras faz a mesma coisa: quase nada. Não aproveita a superioridade de material humano, prefere a firmeza defensiva, os lançamentos longos, as bolas quebradas ou paradas. Cria pouco, constrói pouco.

A própria escalação de Fernando Prass, supostamente bom nos pênaltis, já é toda uma carta de intenções. O problema do "resultadismo" é que você fica refém do… resultado. Se vier, ótimo. Se não vier, aguenta.

O São Paulo, por outro lado enche seu torcedor de esperança. Finalmente, com um grupo jovem, o São Paulo fez um jogo grande sem parecer time pequeno. Em nenhum momento, sucumbiu emocionalmente diante de um rival mais experiente. Nem mesmo nos pênaltis, após Volpi perder o que seria a cobrança da classificação. Após anos de humilhações, sai do Allianz de cabeça alta.

É verdade que os minutos finais foram mais do Palmeiras, mas o São Paulo foi o melhor time do primeiro tempo. Teve controle do jogo e algumas boas chances com Antony. Liziero traz muito dinamismo ao meio de campo, o time é bom. Dá para fazer um bom Brasileirão, sem sustos e com expectativas. Em um time ajustadinho e com Cuca no comando, Hernanes, Pato e Tchê Tchê podem ser um upgrade importante.

Vamos ver se a diretoria conseguirá minimamente não atrapalhar, não vender ninguém, não ser o que foi nos últimos anos.

E do outro lado? Para os pontos corridos no estilo maratona, com um elenco farto e melhores possibilidades para reposição, essa falta de ideias do Palmeiras fica minimizada. Os pontos virão no emaranhado de jogos, o calendário será "culpado" pelo futebol fraco e toca o bonde.

Mas no mata-mata… esse tipo de futebol é muito mais problemático. O que incomoda ao ver o Palmeiras jogar é a falta de alternativas, muito mais do que o estilo. Qualquer estilo, qualquer plano de jogo precisa ser respeitado. Duro é, com tanto camarão, como diz Felipão, o futebol ser sempre esse de sardinha frita na gordura de ontem.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.