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Julio Gomes

Vexame do PSG é valioso ou sinal de coisas piores?

Julio Gomes

10/01/2019 22h00

Para quem não viu, o Paris Saint-Germain deu um vexame ao ser eliminado da Copa da Liga Francesa, quarta, pelo "poderoso" Guingamp, lanterna da Ligue 1.

É isso aí. No Campeonato Francês, o PSG tem 47 pontos, com 15 vitórias e 2 empates em 17 jogos. O Guingamp tem 11 pontos, com 2 vitórias em 18 jogos. E o detalhe: a vitória do Guingamp na quarta, de virada, foi conseguida no Parque dos Príncipes.

Foi somente a segunda derrota do PSG na temporada – a outra havia sido para o Liverpool, pela Champions League.

A eliminação chama a atenção por vários motivos. O PSG ganhou as últimas cinco Copas da Liga da França. Ganhou as últimas quatro Copas da França. E ganhará daqui a alguns meses o sexto título da Ligue 1, o Campeonato Francês, sem sete anos. Desde que o dinheiro do Qatar começou a ser injetado, o clube virou dominante no cenário nacional.

Dominante de verdade. Tirando um ano bom do Monaco, na temporada retrasada, o PSG nunca foi sequer ameaçado.

Para piorar tudo, apesar de a Copa da Liga ser a competição menos importante do ano, o PSG que perdeu do Guingamp tinha em campo o time titular. Thiago Silva, Di María, Neymar, Mbappé… a turma toda. Isso é o que chamou mais a atenção.

O que podemos tirar dessa derrota?

Só o tempo nos dirá.

O grande objetivo do PSG é a Champions League, o investimento todo foi feito para o clube conquistar a Europa. Nos últimos anos, a impressão é que a Europa não era conquistada, entre outros motivos, pela falta de competitividade no futebol doméstico.

A primeira fase da Champions atual já mostrou isso. O PSG ficou a um fio de ser eliminado já na fase de grupos, perdeu contra o Liverpool e deu sorte de sair vivo com dois empates contra o Napoli. Jogos que se intercalaram com goleadas fáceis no futebol "de casa".

Talvez essa mesma falta de competitividade e a rotina de vitórias fáceis tenha levado ao vexame desta semana.

Ou talvez não. Talvez na hora H a gente descubra que o PSG nunca chegou a encaixar como time para os duelos grandes de verdade. No dia 12 de fevereiro, o PSG viaja a Manchester para enfrentar o United pela ida das oitavas de final.

Desde que Mourinho foi demitido e Solskjaer assumiu, o United ganhou cinco de cinco, com 16 gols marcados. Um reencontro total com a torcida e com o futebol. É um dos times mais quentes da Europa, e os confrontos contra Tottenham e Arsenal, em Londres, ainda neste mês de janeiro, darão pistas mais sólidas sobre este "novo" time.

Será que a derrota para o Guingamp é apenas o presságio do desastre? Ou será que servirá como toque de atenção para o Paris jogar todas as partidas com a devida e necessária seriedade?

Quando saiu o sorteio das oitavas da Champions, não havia muitas razões para o PSG para se preocupar. Agora, há duas. O United. E o próprio Paris.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.