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Julio Gomes

Time de 2018, Liverpool começa o ano com desafio gigante

Julio Gomes

03/01/2019 10h22

O Liverpool foi o grande time de futebol de 2018. E não falo isso naquela de "a última impressão é a que fica". Não, é a impressão de um ano todo.

Vamos lembrar que, no primeiro semestre, o Liverpool foi até a final da Champions League, eliminando no caminho o Manchester City, de Guardiola, destruidor de todos os recordes na Premier League. Vamos lembrar que é com a camisa do Liverpool que joga Salah, o jogador de um país sem tradição alguma e que ousou se colocar no nível, tanto técnico quanto estatístico, de Cristiano Ronaldo e Messi.

E, claro, vieram a Copa do Mundo e o segundo semestre. A Copa nos mostrou que o futebol de posse de bola se transformou rapidamente no futebol da intensidade e das transições (hoje, passar a defender depois de atacar e atacar depois de defender, as duas transições, para contra atacar e para evitar contra ataques, são mais importantes do que simplesmente atacar ou simplesmente defender).

O Liverpool é o time de futebol do mundo que melhor compreende e executa o futebol do momento, à imagem de seu técnico, o alemão Jurgen Klopp.

Mesmo nos tempos de Borussia Dortmund, Klopp já era um anti-Guardiola de sucesso. Não uma nêmesis do tipo Mourinho, de extremos, criando uma rivalidade agressiva tanto em campo como no discurso. Klopp é um boa gente. Sua rivalidade com Guardiola não se trata de algo pessoal e midiático, mas estratégico.

Só que Klopp, apesar de ser uma pedra no sapato guardiolista, vai agora além dos momentos pontuais em que há um confronto direto. Agora o time de Klopp conseguiu transformar a intensidade em consistência (e tudo isso em um ano em que o Liverpool perdeu Philippe Coutinho).

Se, na temporada passada, o Liverpool era uma espécie de Robin Hood – leão nos jogos contra os outros grandes, gatinho contra os times médios e pequenos, uma verdadeira peneira defensiva -, agora os Reds passaram um turno inteiro sem perder um ponto sequer para um time fora do "big six" (os três maiores de Londres e os dois de Manchester).

O primeiro jogo gigantesco de 2019, hoje à tarde, coloca frente a frente Manchester City x Liverpool.

A percepção geral é que a pressão está toda do lado do time de Guardiola, pois é ele que joga em casa, que está sete pontos atrás e que, se perder, pode dar adeus ao título.

Não vejo assim. A pressão existe para os dois, mas, para mim, é maior para o Liverpool. Porque é o Liverpool que não ganha o Campeonato Inglês desde 1990 (nunca foi campeão na era Premier League e perdeu para o United o posto de maior vencedor do país).

O Liverpool é o raro clube grande europeu (o único, na real) que escolheria ganhar a liga doméstica do que a Champions League. O Liverpool PRECISA ganhar a Premier League neste ano, dado que montou um belo time e chega à metade do campeonato com vantagem considerável.

Se vencer hoje, o Liverpool dará um passo gigante para isso. Mas, e se perder? A vantagem cai para quatro pontos, as interrogações invadem a cabeça, o City ganha muita força e ainda faltará um mundo de 17 jogos. O empate hoje seria ótimo para o Liverpool. Mas será que o time de Klopp jogará pensando nisso? Se conformará com isso?

Não é e nunca foi a característica dos times de Klopp.

Hoje é dia para o Liverpool mostrar toda sua grandeza. Mostrar se esse time, que é quem melhor joga futebol no planeta já há meses, tem o DNA dos campeões. O resultado importa. Mas, a forma, ainda mais.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.