Portugal ensina a lição que parece impossível de ser aprendida no Brasil
Quatro medalhas de ouro, todas no atletismo. Oito de Prata. Doze de bronze. São 24 medalhas no total. Na Rio-2016, um país com tal desempenho acabaria em vigésimo lugar no quadro de medalhas.
Portugal tem esses números de medalhas em toda a história dos Jogos Olímpicos.
Uau. Surpreendente, até. Portugal é um país pequeno, nunca foi nem será dos mais ricos, mas é um país europeu e que ama esportes. 24 medalhas na história? O Brasil, que não é nenhuma potência, ganhou 19 só no Rio!
Mas aí eu pergunto: o que é mais importante? Ganhar medalhas? Ou proporcionar a prática esportiva à população?
E aí, caro leitor, caro leitora, temos muito o que aprender com os portugueses. Aliás, a cada dia que passa fica mais fácil notar que temos muito a aprender com os portugueses em praticamente tudo nessa vida.
É claro que ter ganhadores no esporte ajuda a divulgar, incentivar, promover. Mas, me digam, o que aconteceu com o tênis brasileiro pós-Guga? Ou com a ginástica pós-Daiane? Ou com a natação pós-Cielo?
O Brasil recebeu uma Copa do Mundo, Olimpíada, Jogos Pan-Americanos, um caminhão de eventos internacionais e… nada. A última notícia? Não haverá mais ministério do Esporte. O esporte aqui é algo secundário. É visto como gasto supérfluo. As pessoas se importam com a vitória ou derrota do time, com a gozação no trabalho ou no bar. Mas não há cultura esportiva.
Em comum entre todas as nações bem sucedidas do mundo está o esporte como ponto central.
Em Portugal, tive a chance de conhecer 11 dos 14 centros de alta performance pelo país – literalmente espalhados, sem qualquer tipo de concentração nas duas principais cidades, Porto e Lisboa. A reportagem está aqui.
A divulgação dos centros é parte de um plano: Portugal quer receber equipes de diversos países e tornar todos os centros sustentáveis financeiramente. É um país europeu, a poucas horas de voo de tantos outros, com bom clima, paz e tranquilidade.
E os portugueses vão consolidando a imagem de bons anfitriões. Em nosso périplo, conhecemos uma figuraça, José Veiga Maltez, uma espécie de prefeito de Gologã, cidade que abriga o centro de referência de esportes equestres. Abriu a própria casa (ou mansão, como queiram), explicou que o tataravô teve a visão de comprar aquelas terras enquanto a corte fugia para o Brasil, mostrou sua coleção de charretes de várias épocas, seus cavalos, desfilou de carro antigo, ele para a cidade por onde passa.
Comunicação é tudo. No melhor cenário, Portugal conseguirá atrair clientes das diversas modalidades para viabilizar economicamente todos os centros de alto rendimento.
Na pior das hipóteses, pequenas comunidades podem utilizar a preços módicos quadras de tênis, badminton, piscinas, pistas de atletismo ou um alojamento de boa qualidade. Sem contar as parcerias com universidades e escolas, a intersecção, a troca de conhecimento.
Em Maia, perto do Porto, jogar tênis em uma quadra de saibro coberta custa 5,90 euros por hora. A poucos metros, dezenas de crianças de primeira e segunda idades lotam um ginásio e aprendem a usar argolas, saltar sobre o cavalo e dar mortais na trave.
Em Viana do Castelo, o surfe faz parte do curriculum escolar desde 2013.
Isso é valorizar, dar protagonismo e inserir o esporte na sociedade. O resto é conversa fiada.
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