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Julio Gomes

River Plate dá recado ao Real em Madrid: no Mundial, é 50-50

Julio Gomes

10/12/2018 04h00

No domingo à tarde, o Real Madrid suou sangue para ganhar por 1 a 0 do Huesca, último colocado do Campeonato Espanhol. Isso foi lá em Huesca, a 4 horas da capital. De noite, no estádio Santiago Bernabéu, os protagonistas foram outros. Com estádio dividido e ambientaço de futebol (que sei lá desde quando o Bernabéu não vivia), o River Plate fez 3 a 1 no Boca Juniors e se tornou campeão da América.

Salvo qualquer catástrofe, River Plate e Real Madrid estarão decidindo o campeão mundial no sábado que vem.

E, se no ano passado o Grêmio já tinha condições de vencer o Real, neste ano eu vou mais longe: é 50-50. Isso mesmo.

Até porque este River é melhor que o Grêmio-2018. E este Real é pior que o Real-2018.

Assim como o São Paulo, em 2005, e o Corinthians, em 2012, o River Plate terá a sorte de enfrentar um campeão europeu que não é o melhor time da Europa. O Liverpool ganhou a Champions por acaso em 2005, o Chelsea da mesma maneira em 2012, e o Real Madrid esteve para lá de iluminado na última Champions. Havia times melhores. E, mesmo que alguém discorde disso, as saídas de Zidane e Cristiano Ronaldo tiveram impacto tão grande na temporada que o Madrid já até demitiu técnico.

Na atual temporada 18/19, o Real já perdeu de Levante, Alavés, CSKA Moscou… já levou 5 do Barcelona, 3 a 0 do Sevilla e do… Eibar (!!!).

Não é um time confiável. Joga mal, não tem padrão. Tem qualidade individual técnica, lógico, mas o futebol é cada vez mais coletivo.

Tampouco era confiável no ano passado. Mas ainda tinha Cristiano Ronaldo. E o Grêmio não tinha Arthur e não teve coragem para encarar de frente.

Já o River Plate tem um time completo, técnico, que gosta de jogar com a bola, mas sabe atual na transição em velocidade. Tem no banco de reservas, por exemplo, um talento como Quintero, o colombiano que decidiu a final da Libertadores no Bernabéu. Só é ruim, ruim para chuchu, nas bolas altas defensivas.

Essa coisa de a final da Libertadores ser disputada pertinho do Mundial é muito benéfica para os times sul-americanos. Porque chegam com ritmo, com adrenalina lá no alto e não perdem jogadores-chave entre torneios. A aproximação das datas é um fator de equilíbrio em um confronto que, nas últimas duas décadas, não teve nada de equilíbrio.

O River Plate passou, em sua campanha de título, por um grupo pesado na primeira fase, Racing, Independiente, Grêmio e Boca (somados, 17 títulos de Libertadores). É um River redondinho contra um Real Madrid claudicante.

Tem jogo.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.