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Julio Gomes

Bélgica e Espanha são as grandes derrotadas do pós-Copa

Julio Gomes

19/11/2018 03h14

A Liga das Nações nem chegou ao fim, mas já dá para ver que é (mais) uma bola dentro do futebol europeu. Os modorrentos amistosos que permeiam os longos qualificatórios para Copas e Eurocopas foram substituídos por jogos competitivos e entre seleções de nível parecido. Deu certo.

Enquanto o Brasil faz essas partidas tediosas, que só servem para expor o técnico e afastar a seleção das pessoas (seja por atrapalhar os clubes ou por simplesmente não se apresentar em casa), a Europa teve, em curtíssimo período de tempo, grandes partidas entre suas principais seleções.

Portugal (que será sede), Inglaterra e Suíça estão classificados para o quadrangular final desta primeira Liga de Nações, que será disputado em junho do ano que vem e certamente ganhará status de grande evento. A quarta classificada será ou a França ou a Holanda.

Depende do Alemanha x Holanda de hoje à tarde. Empate basta para a Holanda entrar. Só uma vitória alemã classifica os franceses, campeões mundiais.

Alguém pode argumentar que França e Alemanha são as grandes decepções deste pós-Copa do Mundo. Eu digo que são Bélgica e Espanha.

A França, na ressaca pós-Copa, ganhou seus jogos em casa contra alemães e holandeses. Empatou na Alemanha e o único tropeço foi a derrota da sexta-feira na Holanda. É verdade que a França só tinha três desfalques em relação ao time da Copa (Pogba, Umtiti e Hernandez), mas perder um jogo na Holanda, diante de uma seleção sedenta por recuperar status, não é um escândalo. Acontece.

A Alemanha eu não considero uma decepção porque ela apenas carrega o mau momento. Após o vexame na Rússia, Low ainda não encontrou um jeito de fazer a Alemanha jogar. Caiu em um grupo difícil, não ganhou um jogo sequer e já está, de antemão, rebaixada para o grupo 2, a segunda divisão da próxima Liga das Nações. Pode se despedir atrapalhando a vida da Holanda, que é uma rival histórica, maior do que a França. Cedo ou tarde, a Alemanha recuperará sua força.

Bélgica e Espanha eram as seleções que tinham algo a dizer no pós-Copa e não disseram. E são as grandes derrotadas também pela forma como vieram suas desclassificações.

Os belgas apresentaram o melhor futebol da Copa, eliminaram o Brasil, tiveram azar na semi contra a França. Estavam em um grupo fácil da Liga, com Suíça e Islândia, ou seja, era uma aposta fácil para estar no quadrangular final, ganhar o torneio e coroar, de alguma forma, a tal "geração de ouro" com um troféu. Afinal, liderar ranking da Fifa não é taça.

A Bélgica jogava por um empate, ontem, na Suíça, para carimbar a classificação. Abriu 2 a 0 no primeiro tempo e conseguiu levar uma virada de 5 a 2.

A Suíça tem uma boa seleção, mas não goleia ninguém. A Bélgica protagonizou um grande vexame.

Já a Espanha confirmou aquela sensação de que "deveria ter ido longe na Copa, não tivesse ficado sem técnico" ao começar a Liga das Nações, em setembro, ganhando da Inglaterra em Wembley e enfiando 6 na Croácia, vice-campeã do mundo. Ingleses e croatas, todos se lembram, fizeram uma das semifinais da Copa.

Bastava um empate nos dois jogos finais para se classificar para o quadrangular. E aí eis que a Espanha perde da Inglaterra, em Sevilha, e perde da Croácia com gol nos acréscimos. Péssimo início de trabalho de Luís Enrique no comando técnico.

Ainda que o técnico esteja fazendo muitos testes e diga que a seleção tem "boa pinta" para o futuro, não creio que estivesse nos planos ficar fora do "Final Four", ainda mais depois dos resultados iniciais. Acabou entrando a Inglaterra, que virou para cima da Croácia, ontem, e carrega as boas sensações deixadas na Copa.

A Itália também decepcionou ao não passar nem perto de se classificar em um grupo com Polônia e Portugal sem Cristiano Ronaldo. Mas da Itália, assim como da Alemanha, pouco se esperava.

Alemanha, Islândia, Polônia e Croácia são as seleções rebaixadas para o Grupo 2 da próxima Liga das Nações. Sobem para o lugar delas Dinamarca, Ucrânia, Bósnia e ou Rússia ou Suécia, que se enfrentam amanhã.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.