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Julio Gomes

Reservas levaram Palmeiras à ponta. E agora, o que será deles?

Julio Gomes

01/10/2018 12h28

O desenho que Luiz Felipe Scolari deu ao semestre do Palmeiras é para lá de claro. Ele montou um time para jogar as Copas, que podemos chamar de "time titular", pois os torneios são a prioridade do clube (por prestígio e grana), e montou um time para jogar o Brasileirão nos fins de semana – que podemos chamar de "time reserva".

O time titular passou pelo Cerro Porteño e, nesta semana, deve confirmar, contra o Colo Colo, a classificação para as semifinais da Libertadores. Na Copa do Brasil, passou pelo Bahia, mas foi eliminado pelo Cruzeiro e está fora da decisão.

Como o time titular atua somente nos meios de semana, ele jogou duas partidas pelo Brasileirão com Scolari, vencendo Botafogo (22/8) e Atlético-PR (5/9) – ambos jogos bastante difíceis, em que os titulares flertaram com um tropeço no Allianz Parque.

Já o time reserva só entra em campo nos fins de semana. E, assim, ganhou seis partidas (incluindo o clássico contra o Corinthians) e empatou três (incluindo o jogo com o Inter, no Beira-Rio). Seis das nove partidas foram disputadas fora de casa, em condições adversas. Com este fantástico aproveitamento de 77,7%, podemos falar tranquilamente que foi o time reserva que levou o Palmeiras à atual liderança do campeonato.

O time reserva é beneficiado por ter quase sempre o mesmo goleiro do time titular (Weverton) e contar, esporadicamente, com a entrada de Dudu desde o início – ou, pelo menos, com a entrada dele e de Willian no segundo tempo das partidas mais encardidas. Felipe Melo, suspenso da Libertadores, é outro que tem aparecido no time reserva.

E assim Felipão toca a vida. Com dois times, ambos de nível parecido, ambos com uma semana de descanso entre seus jogos.

Só que agora o Palmeiras é líder e está fora da Copa do Brasil. Isso faz com que o Brasileirão ganhe peso e que o calendário, finalmente, dê um folga. Nesta semana, os titulares jogarão contra o Colo Colo. As duas semanas seguintes à atual serão as duas primeiras semanas "livres" para Felipão desde seu retorno ao Palmeiras.

Os meios de semana estarão reservados para as finais da Copa do Brasil, entre Cruzeiro e Corinthians (no meio de uma data Fifa).

Os dois próximos compromissos do Palmeiras pelo Brasileiro são contra o São Paulo, sábado, e contra o Grêmio, no outro domingo, dia 14 de outubro. Dois jogos contra times que disputam diretamente o título com o Palmeiras e dois jogos que não precedem compromisso algum de meio de semana.

E aí, o que fará Felipão?

A lógica estabelecida indicaria o time reserva nos dois jogos. Mas aí os titulares farão o quê? Terão folga até a semifinal da Libertadores, que será só em 24 de outubro? Difícil imaginar que os caras ficarão 20 dias sem jogar, certo? Difícil não, impossível.

Minha aposta é que Felipão, do meio para frente, vai escalar seus titulares.

Mas ficam interrogações. O que fazer com a linha de defesa? Marcos Rocha, Gustavo Gómez, Luan e Victor Luís deram conta do recado, o time reserva levou três gols em nove jogos. Há quem diga que essa dupla de zaga é melhor que a "titular", formada por Antônio Carlos e Dracena.

E o que fazer com Lucas Lima e Deyverson, que foram os nomes mais importantes deste time reserva no período? Vai mandar Lucas Lima para o banco e agora ele só volta no jogo contra o Ceará, daqui a 20 dias, a partida que precede a semi da Libertadores?

O time reserva ganhou corpo, jogou com motivação e fez seu trabalho. Felipão conseguiu ter o elenco na mão, todos se sentem protagonistas.

Mas agora chegam as partidas contra São Paulo e Grêmio e só um time pode jogar. Ele fará uma escolha por time A ou time B? Ou vai misturar tudo? Como isso vai cair dentro do elenco?

A bola já esteve com o Flamengo, com o São Paulo e com o Inter. Agora, a bola está com o Palmeiras. Felipão que se vire!

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.