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Julio Gomes

Espanha, o desperdício do ano, voa pós-Copa

Julio Gomes

11/09/2018 18h26

A Europa resolveu transformar seus sonolentos amistosos na tal Liga das Nações. Já parece ser uma boa ideia. Quer queira quer não, é uma competição. É possível treinar, testar e ao mesmo tempo competir. Sem a pressão absurda da Copa do Mundo ou da Euro.

Por ser jogo "para valer", torna mais interessante a goleada de 6 a 0 que a Espanha enfiou na Croácia nesta terça. É verdade que havia desfalques, que a intensidade é diferente e tudo mais, mas foi 6 a 0 na vice-campeã do mundo. Com Modric.

No fim de semana, a Espanha já havia vencido a Inglaterra, em Wembley, por 2 a 1.

Croácia e Inglaterra fizeram uma semifinal de Copa do Mundo dois meses atrás, avançaram em uma chave que havia ficado toda aberta para a Espanha (enquanto França, Brasil, Bélgica, Argentina, Uruguai e Portugal estavam todos do outro lado). Só que a seleção espanhola caiu nos pênaltis para a Rússia antes de poder enfrentar croatas e ingleses.

É impossível não pensar no que teria sido a Copa da Espanha, não fosse o "caso Lopetegui". A demissão do treinador na véspera do Mundial.

Lopetegui negociou sua ida ao Real Madrid achando que ninguém ia ficar sabendo. E o presidente da Federação Espanhola, Luis Rubiales, transformou a dor de corno em uma reação desmedida. Por mais absurda que tenha sido a negociação Madrid-Lopetegui e a forma como ocorreu, demitir o treinador só prejudicaria a própria seleção seleção.

Não tinha como dar certo. Apesar de ter sido eliminada de forma invicta, a Espanha nunca engrenou no Mundial. Sem técnico, não se ganha o mundo.

Com a quantidade de jogadores bons, gente como Asensio, Isco, etc, jogadores prontos para explodir, a Espanha jogou no lixo uma chance relativamente fácil de chegar a outra final de Copa do Mundo.

Vamos lembrar que antes, nos amistosos do primeiro semestre, havia enfiado 6 também na Argentina. Na Liga das Nações, agora sob comando de Luís Enrique, já está virtualmente classificada para o "final four" do ano que vem, após as duas vitórias em dois jogos.

A Espanha foi o grande desperdício da Copa. Talvez da década.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.