Diário da Copa: Fim, transformação e recomeço
Foram 14 jogos de futebol em 11 cidades diferentes. 14 voos por 7 companhias aéreas distintas, somando mais um ou menos umas 40 horas dentro de aviões. Também 63 horas dentro de 9 trens para ir de uma cidade ou outra, sem contar o constante entra-e-sai dos metrôs, ônibus e vans dentro das cidades. Dormi em 22 lugares diferentes, entre hotéis, apartamentos, albergues e trens. Sei lá quantos quilômetros percorri.
Conheci Andryis, Sergeis, Ekaterinas, Tatianas, Dmitris, Annas. Encontrei os grandes amigos jornalistas que fiz quando morei na Europa. Os grandes amigos e amigas que tenho no Brasil, mas infelizmente raramente encontro, só nessas ocasiões. Encontrei meninos em quem um dia apostei e hoje são homens que caminham sozinhos nesta mal tratada profissão. Fui ajudado por muita gente – coisa que sempre fiz na vida com prazer.
Cada uma das cinco Copas do Mundo foi diferente para mim, por diversas razões. Esta, a da Rússia, foi a primeira que teve 100% de planejamento meu, sem interferência de terceiros. Portanto, especial. Se algo desse errado, eu só poderia reclamar comigo mesmo. Não deu nada errado.
Sempre gostei de viajar assim. O mundo conectado de hoje nos permite explorar todas as fronteiras. Não há desculpas, nem o idioma – até porque na Internet as páginas podem ser traduzidas. Passagens de avião, acomodação, transporte público e privado, se quiser dá até para já deixar a pedida comida para a hora da tua chegada.
Uma das minhas viagens entre cidades foi feita usando um site de caronas colaborativas. Todos os táxis que peguei foram com aplicativos, o que diminuiu incrivelmente os custos. Monitorando cotações e taxas cobradas pelos bancos, acho que consegui pagar pelos rublos russos o que eles realmente valiam. Quando precisei de um remédio, comprei em uma farmácia qualquer o que precisava usando um aplicativo de tradução.
Com os apps de comunicação instantânea, vi minhas filhas em vídeo sempre que quis. Entrei ao vivo na televisão com boa qualidade de imagem e nenhum delay todos os dias.
Pensem no mundo de 30 anos atrás, de 20, de 10, de 5. O mundo muda, se transforma. Nós devemos fazer o mesmo. Mudar. Nos transformar.
Viajar, conhecer idiomas, vivenciar outras culturas, entender que pessoas pensam e agem de forma diferente é crucial para a evolução de cada um de nós, para a evolução da civilização comum um todo. Essa transformação contrasta com uma incrível resistência.
Não só no Brasil ou na Rússia, mas em vários lugares do mundo, vemos um discurso de medo, de conservadorismo, de confiança cega em páginas que foram escritas há séculos, quando tudo era diferente. É como se milhões de cérebros simplesmente se recusassem a fazer o download da próxima atualização.
Talvez seja apenas uma resistência barulhenta, enquanto outros milhões, mais milhões, estejam fazendo suas atualizações silenciosamente. Não sei. Talvez não seja só barulho, seja uma resistência real, dura e que ainda colocará em risco essa transformação do mundo para melhor. Só o tempo dirá.
Este blog precisa de um pouquinho de descanso após 40 dias de trabalho intenso e diário. Descansar corpo e mente, algo também necessário para sairmos das nossas prisões impostas por uma sociedade que exige cada vez mais suor e que cada vez menos oferece bem-estar e horas de amor e tranquilidade.
Pessoas felizes produzem mais e melhor em menos tempo. Um dia isso será compreendido. Um dia chegaremos lá. Volto em duas semanas para o recomeço.
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