Diário da Copa: a improvável conexão Rússia-Equador
Maxim morou em Barcelona. Fala espanhol perfeito. Cidadão de Rostov on Don, caminhava pelas ruas de sua cidade quando percebeu uma família equatoriana com dificuldades.
O pai, Oscar, a mãe, Fátima, e a filha, Alejandra, uma adolescente com a camisa da seleção brasileira – os pais estava com camiseta e bandeira do Equador. A família fez o inverso da maioria. Enquanto grande parte dos torcedores vêm à Copa para acompanhar sua seleção na primeira fase, eles vieram para os jogos grandes.
Compraram ingressos para o jogo de Rostov porque achavam que a Colômbia aqui estaria. Erraram. O Japão que veio parar em Rostov para enfrentar a Bélgica (que jogo!). Mas não estavam nem aí! É uma viagem que extrapola o futebol.
Rostov é, possivelmente, a menos turística das cidades que eu visitei até agora – lá se vão 9 das 11 sedes, faltam apenas Nijny Novgorod e Sochi. Não tem muito o que ver por essas bonitas e bem cuidadas ruas, com ônibus um pouco decadentes – como os nossos.
Mas lá estavam os equatorianos vagando pelo centro, tentando se comunicar, comprar uma cerveja, se virar. E lá se foi Maxim, feliz da vida, ajudar. Ficaram juntos o dia todo. Maxim também tinha ingressos para o jogo e iria levá-los para o estádio quando fosse a hora da partida.
Enquanto isso, fotos e mais fotos e mais fotos. Essa é uma característica desta Copa. As pessoas adoram tirar fotos com os estrangeiros que estão visitando o país. Basta estar vestindo a camiseta de alguma seleção e logo chega a população local, velhos, novos, homens, mulheres, para tirar fotos.
Achavam que a família era de brasileiros, pela camisa e bandeira do Brasil que levava Alejandra. "Quando não está o Equador, sempre torcemos pelo Brasil", conta a mãe, Fátima. "Sofri tanto em 98, com aquela Copa que arrumaram para a França! Será que vão arrumar essa para a Rússia também?". Maxim sorri. Ele está tão feliz com a Rússia e por ajudar que não é uma provocadinha involuntária que irá incomodá-lo.
Viram, todos eles, um grande jogo de futebol entre Bélgica e Japão. Rostov se despede com estádio quase lotado e muitos gritos de "Rússia, Rússia, Rússia", já que belgas e japoneses eram poucos. O país pega fogo com a campanha da seleção nacional. Que bom!
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