Espanha tem ótimo caminho, mas precisa resgatar veia vencedora
Dez anos atrás, Fernando Torres marcava o que considero o gol mais importante da história do futebol espanhol. O gol do título da Euro-2008 contra a Alemanha, em Viena. Mas e o Iniesta, dois anos depois? Eu adoro especular com "o que seria". E tenho muitas dúvidas se a Espanha seria finalista e campeã da Copa do Mundo da África, não tivesse rompido a barreira psicológica na Euro.
A Espanha tinha dificuldades em acreditar nela mesma. Luis Aragonés, então técnico em 2008, apostou em uma ideia de jogo, deixou de fora alguns nomes pesados (tipo Raúl), encarou o Real Madrid, a imprensa, o país inteiro, e ganhou a Euro. A vitória contra a Itália nas quartas, nos pênaltis, já havia sido um marco. Depois, vieram os 3 a 0 contra a Rússia na semi. E, por fim, a vitória na final com o gol de Torres.
A partir daí, a Espanha ganhou alma vencedora. Ganhou outra Euro, ganhou a Copa e ganhou, essencialmente, respeito e autoconfiança.
Agora, precisa resgatar essa alma vencedora. Sem técnico e, por enquanto, sem bom futebol nesta Copa, a Espanha vai precisar ganhar os jogos "na marra", que é o que fazem os vencedores, para fazer valer seu favoritismo teórico e chegar à decisão.
Se é verdade que gente como Ramos, Piqué, Busquets e Iniesta sabe muito bem como ganhar coisas, outros, mais jovens, parecem duvidar. A começar pelo goleiro.
A transição teve percalços, como bem sabemos porque vimos ao vivo, em nossos campos, em 2013 e 2014 (assim como a transição alemã vive seu percalço máximo agora). Mas a Espanha conseguiu virar a página, mantendo ainda uma espinha dorsal veterana. É ela que precisa falar alto agora, para arrastar junto o monte de talento jovem ao lado. Dar o soco na mesa.
A chave espanhola rumo à final tem uma espécie de mini Euro. São sete seleções europeias mais a Colômbia, que possivelmente jogará sem James Rodríguez, seu principal jogador – o que não é pouco e diminui consideravelmente as chances dos sul-americanos ganhar dois jogos rumo à semi.
Nas oitavas, a Espanha pega a dona da casa, a Rússia, o time de pior ranking e que foi exposto pelo Uruguai na primeira fase. Nas quartas, Croácia ou Dinamarca. Na semi, Inglaterra, Suíça, Suécia ou Colômbia.
Não seria fácil um jogo contra qualquer uma destas seleções. Mas a Espanha vem dominando todos os rivais europeus que enfrenta há um bom tempo. E é o time mais completo e talentoso desta chave. Se fossem partidas de eliminatórias europeias, Espanha contra qualquer um desses, qual seria a previsão? Pois é.
Mas, claro, é Copa do Mundo. E é uma Copa do Mundo que já nos mostrou que qualquer um pode ganhar de qualquer um. Será campeão quem encaixar quatro bons jogos – ou pelo menos uns dois, contando com um pouco de sorte em outros dois.
De um lado da chave, há quatro campeões do mundo, o atual campeão europeu, o time sensação da Copa e ainda um México melhor do que parece. Do outro, tem a Espanha. A bola está com ela.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.