Zidane dá mais uma lição de grandeza e humildade
E Zidane "se fué". Convocou uma coletiva, avisou que estava deixando o Real Madrid e deixou o mundo de queixo caído.
Pode parecer inacreditável para nós – para os espanhóis, para todo mundo, enfim – que alguém deixe seu posto no auge. Vamos lembrar. Zidane nunca havia dirigido uma equipe profissional. Assumiu o Real Madrid na roubada, há dois anos e meio, depois da má escolha e da demissão de Benítez. Em duas temporadas e meia, ganhou três Champions League. Um fenômeno.
Por que ir embora? O cara pode ganhar o salário que quiser, pode fazer e desfazer no vestiário, tem a faca e o queijo na mão, é amado pela torcida, talvez seja o maior nome da história do madridismo. Por que?
A resposta talvez seja mais fácil do que parece. Porque Zidane é um gigante. Grandeza e humildade, coisa que poucos têm. A humildade para reconhecer que o ano não foi bom – acabou com um título europeu quase acidental, se olharmos para a trajetória da temporada. A humildade para reconhecer que possivelmente não seja capaz de reverter o viés de queda do time. A grandeza de deixar o lugar para outro. A grandeza de não enganar o clube com falsas promessas e expectativas.
O Madrid está de luto, dirigentes e jogadores possivelmente estejam zonzos com a notícia. Mas parece que só Zidane, neste momento, consegue compreender o que é melhor para o clube. Com a classe de sempre. Sem polêmicas nem intrigas.
O melhor é abrir caminho para a transição com três Copas da Europa em sequência. Muito melhor do que fazê-lo no meio de uma tempestade.
A transição, está claro, não será apenas de treinador. Bale tem pinta de que vai embora. Uma troca Cristiano Ronaldo por Neymar com o PSG está fervendo, com todos os sinais possíveis de que ocorrerá. Não se sabe se Navas continuará com a confiança do clube. Para Sergio Ramos, a idade vai chegando. Asensio e outros jovens pedem caminho.
Haverá mudanças, isso está claro. E Zidane não se sente na melhor posição para comandar a revolução e seguir fazendo o Real vencedor.
O que tinha toda pinta de ser uma hegemonia de anos se transformou em domínio continental, mas não doméstico. Pode parecer para nós, brasileiros, que os europeus tratem suas Ligas como nós temos tratado os estaduais. Não é bem assim. E a prova é que, em sua despedida, Zidane disse que seu maior momento como treinador do Real Madrid foi conquistar o Espanhol, ano passado.
Para reconquistar a Liga local, o Real vai ter de remar muito e se ajustar rapidamente às mudanças de elenco que possam se produzir. Não é uma conta fácil nem previsível.
Zidane se vai como chegou. De forma rápida e inesperada. Veio dos livros de história e escreveu páginas ainda mais triunfais. Foram 9 títulos (de 13 possíveis) em 876 dias. Estamos diante de um grande. Uma pessoa completamente diferente, um ponto fora da curva.
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