Salah é o melhor jogador do mundo, será injusto se não for Bola de Ouro
A primeira coisa que é importante ressaltar, antes de seguir com este post. O prêmio de melhor jogador de futebol do mundo não pode ser dado para quem "é" e, sim, para quem "está". É um prêmio de melhor do ano. Para premiar a temporada, não uma avaliação geral de todos os atributos e potencial que os jogadores têm na vida.
Dito isso, será uma das grandes injustiças da história se não for Mohamed Salah, um egípcio, um herói improvável, o jogador encarregado de quebrar os 10 anos de domínio de Messi e Cristiano Ronaldo dividindo a premiação de melhor do mundo.
Desde que Kaká foi eleito, em 2007, o argentino e o português ficaram com cinco prêmios cada. No meio do caminho, a Fifa "comprou" a Bola de Ouro, uma premiação mais técnica e com mais credibilidade – afinal, a votação da Fifa é povoada de jogadores, técnicos e jornalistas da periferia da bola, mais sujeitos a votar em nomes famosos.
Agora, Bola de Ouro e Fifa estão separadas novamente. Não consigo prever o que acontecerá na premiação da Fifa, creio que dependerá demais da Copa do Mundo.
Mas acredito que dificilmente a Bola de Ouro sairá das mãos de Mohamed Salah. E será injusto se não for assim.
Salah já foi eleito o melhor jogador da Premier League por seus pares – um indicativo importante, em um campeonato tão dominado por um time, o Manchester City, que não é o dele.
Na temporada toda, são 43 gols em 47 jogos para Salah. Uma enormidade. E ele ainda produz um número significativo de assistências.
Nesta terça, contra a Roma, Salah fez dois e deu dois passes para gol. Os dois gols foram os dois primeiros. E foram dois golaços. Este é outro detalhe. O cara virou o Messi de um ano para o outro. É gol de canhota no ângulo, de cavadinha… é só golaço. Sem contar a função tática pela esquerda, fechando espaços e criando muitos problemas com tanta velocidade.
Quando saiu de campo, o Liverpool relaxou e tomou dois gols que ainda fazem a Roma sonhar. No fim, 5 a 2 para o time inglês. É muito difícil a classificação para a final europeia escapar, mas futebol é futebol.
No dia 15 de junho, o Egito vai estrear na Copa do Mundo contra o Uruguai, em Ekaterimburgo. Será o primeiro jogo do Egito em Copas desde 1990. Será o dia do aniversário de 26 anos de Salah, que não é nenhum garotinho.
Foi contratado pelo Chelsea quatro anos atrás, não deu certo, foi emprestado para a Fiorentina, vendido para a Roma. Na Itália, eu costumava chamá-lo de "uma espécie de Mirandinha". Velocista, ciscador, mas péssimo na tomada de decisões. Meio burro, falando o português claro ("ou corro ou penso, professor"). Eu, como muitos, achei um absurdo o Liverpool pagar mais de 200 milhões de reais por ele.
Eu, como muitos, estávamos errados. Ele não só provou seu valor na Premier League como passou a tomar todas as decisões corretas. Passa quando tem que passar. Finaliza quando tem que finalizar. E faz gols. Um caminhão deles.
O Liverpool perdeu seu (suposto) melhor jogador em janeiro, Philippe Coutinho, e foi criticado por trazer um zagueiro (Van Dijk) por outro caminhão de dinheiro. Resultado? Acertou o sistema defensivo, manteve a velocidade na frente, já praticamente se garantiu no top 4 da Premier, derrubou três vezes seguidas o badalado time de Guardiola e está virtualmente na final da Champions League.
Tudo isso passa por um monte de gente. A coragem de Klopp, a grande fase de Firmino, a presença de Van Dijk, etc. Mas tudo isso passa essencialmente pelo Faraó. Por Salah.
Messi é o Pelé dos nossos tempos. Cristiano Ronaldo é o melhor atacante que já vimos. Os dois elevaram o nível do futebol a tal ponto que é muito difícil olhar para outro jogador e colocá-lo acima deles.
Mas lá está Salah. No topo da pirâmide.
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