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Julio Gomes

Na "final" espanhola, faltou coragem e sobrou Messi

Julio Gomes

04/03/2018 14h22

Diego Simeone mudou a história do Atlético de Madrid, e isso é inegável. Mas lá se vão 13 partidas contra o Barcelona na Liga espanhola e são zero vitórias do treinador argentino (nove do Barça, quatro empates).

Faltou coragem ao Atlético no Camp Nou. Faltou também ao Barcelona, mas o time já vencia quando recuou. E o resultado final do jogo acabou sendo definido por Messi. Um golaço de falta, mais uma genialidade do argentino, que chega a 600 gols como profissional.

Se nos anos iniciais de Simeone o Atlético era um time de futebol reativo, isso foi se transformando ao longo dos anos. O Atlético passou a ser um time de boa defesa, sim, mas também de muita qualidade com a bola. Só que parece que nos grandes clássicos, nos grandes jogos, o time dá um passo atrás. Falta aquele centímetro de coragem, já que concentração e dedicação sempre sobram.

Foi assim nas duas finais de Champions contra o Real Madrid. E é assim quase sempre nos jogos grandes contra o Barcelona pelo Espanhol.

Agora, o Barça volta a ter oito pontos de vantagem na tabela, o que praticamente determina o campeão.

O Barça foi muito melhor no primeiro tempo, contra um Atlético que só pensava em marcar e abdicou de jogar. Não foram tantas chances criadas, mas o domínio era claro. E, numa falta besta feita por Thomas em Messi, o gênio não perdoou.

Com a saída de Iniesta por lesão muscular, Ernesto Valverde (que venceu Simeone pela primeira vez) também mostrou pouca coragem. Colocou em campo André Gomes, pensando em fechar o meio de campo. É um jogador de nível muito abaixo do restante. A entrada de Paulinho teria sido mais natural.

No segundo tempo, o Atlético fez um jogo mais sólido, com outra atitude. Diante de um Barcelona recuado e desinteressado, o time de Madri foi ganhando metros. E, aí sim, apareceu a coragem de Simeone, colocando dois atacantes e partindo para cima.

A impressão é que o Atlético chegaria ao empate. Até fez o gol, mas o bandeirinha encontrou impedimento milimétrico de Diego Costa no lance. Se tivesse jogado com a mesma atitude desde o início, fatalmente o resultado teria sido diferente. Por que não agredir desde o primeiro minuto?

Ao Atlético, agora, resta centrar forças na Europa League, onde é o principal favorito ao título. O Barcelona possivelmente terá de enfrentar o Chelsea, pela Champions, sem Iniesta. A Liga espanhola já está na regressiva.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.