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Julio Gomes

Neste momento, Barcelona precisa mais de Mina do que de Coutinho

Julio Gomes

07/01/2018 10h03

Que Philippe Coutinho iria para o Barcelona, todos sabíamos faz tempo. Afinal, existe uma velha máxima no futebol que a cada janela de transferência se revela verdadeira. O jogador vai jogar onde quiser jogar. A vontade dele sempre prevalece – especialmente quando falamos do altíssimo nível.

E Coutinho queria ir para o Barcelona. O Liverpool tentou bravamente segurá-lo. Jogou duro. Mas, quando não tem jeito, não tem jeito. Pelo menos ainda conseguiu surfar na onda das mega transações, e esta virou a segunda mais cara de todos os tempos – atrás apenas da de Neymar, vai virar a terceira quando o PSG pagar o combinado por Mbappé no verão europeu. A lista completa está aqui.

Os valores estão aumentando tanto e tão rápido que uma multa rescisória como a de Griezmann, do Atlético de Madri, de apenas 100 milhões de euros, parece dinheiro de pinga.

Como dinheiro de pinga será para o Barcelona, mas não para o Palmeiras, tirar Mina do clube verde seis meses antes do previsto. O Palmeiras vai se beneficiar duplamente. Primeiro, porque ganhará mais dinheiro. Segundo, porque ter Mina não será essencial no primeiro semestre.

Sim, eu sei, tem Libertadores, grupo do Boca Jrs, etc. Mas não é pela presença (ou não) de Mina que o Palmeiras vai passar ou não de fase. O Paulista é irrelevante hoje em dia, e o Brasileiro só começa para valer depois da Copa do Mundo. É até bom para Roger já treinar o time desde o começo com os zagueiros com quem contará. É melhor pegar o dinheiro, já que o Barça está querendo gastar.

E quer gastar porque precisa. Muito. Umtiti, da seleção francesa, titular da zaga, sofreu lesão grave. Mascherano foi embora para a China. Neste momento, o Barcelona precisa de zagueiro e faz-se necessária a chegada de Mina.

O colombiano é muito mais importante para os planos do clube neste semestre do que Philippe Coutinho.

Isso porque o Barça já é virtual campeão espanhol. E, por já ter defendido o Liverpool, o "mágico" não poderá atuar mais na Champions. Para voltar a ser campeão da Europa, o Barça precisa demais reforçar a defesa – e rezar para nem Messi nem Suárez se lesionarem.

Este cenário – Liga doméstica quase decidida e Champions sem Coutinho – é o que faz muita gente questionar o momento da transação.

Se ele chegasse em julho, depois da Copa, teria mais sentido para todo mundo, e Coutinho seguiria jogando a Champions pelo Liverpool, até com chances de título, por que não. Mas o Barça não quis arriscar. O mercado da bola é muito dinâmico, então era melhor resolver logo a questão.

Coutinho quer dar sequência a uma história de sucesso de brasileiros no Barcelona. Neymar, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo, Ronaldo, Romário, Evaristo… isso sem falar nos tantos coadjuvantes, alguns deles muito importantes para o clube (Deco, Belletti, Daniel Alves, Edmilson, etc, etc).

E chega em um momento melhor do que se tivesse sido contratado no meio do ano passado, quando o clube acabara de perder Neymar e ele chegaria com todo esse peso nas costas. Meses depois, o Barça já está recuperado daquele mercado horroroso e resolveu as coisas esportivamente antes do que todos imaginavam.

É claro que, para o futuro do clube, não há comparação entre Mina e Coutinho. Philippe chega para fazer história. Um jogador dinâmico e versátil, que pode atuar em várias posições do meio para frente. Pode fazer de Iniesta, pode fazer de Messi, pode fazer de… Coutinho. É craque. É um jogador que dá muitas alternativas táticas ao clube, e a seleção se beneficiará por ter lado a lado dois caras que começarão jogando a Copa – ele e Paulinho.

Mas, para os próximos quatro meses, Coutinho é um luxo. Mina, uma necessidade.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.