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Julio Gomes

Só em fevereiro saberemos qual é o nível real desse PSG

Julio Gomes

22/11/2017 20h40

O Paris Saint-Germain e o Manchester City são as sensações deste primeiro terço de temporada europeia, sem dúvida alguma. Os dois "novos ricos", que há anos estão na mesma frase, porque já triunfaram domesticamente, mas ainda não na Europa, estão atropelando a concorrência.

O passo adiante do Manchester City foi trazer Pep Guardiola. O primeiro ano foi mais ou menos, as contratações e dispensas do mercado foram certeiras e hoje o time parece imbatível. Cinco vitórias em cinco jogos na Liga dos Campeões, duas delas contra o Napoli, líder da Série A italiana e ótimo time de futebol. Na Inglaterra, a liga mais forte do mundo, incríveis 11 vitórias em 12 jogos e já oito pontos de vantagem para o segundo colocado.

O passo adiante do PSG foi trazer Neymar, na maior contratação da história. Se o time foi dominante na França desde a chegada de grandes jogadores, a temporada passada foi marcante por dois fracassos retumbantes. Perder a liga local para um Monaco cheio de moleques e ser eliminado pelo Barcelona levando 6 a 1, depois de ter vencido por 4 a 0 na ida.

O time já era obviamente muito bom. Com Neymar, no entanto, ele parece estar pronto para o objetivo principal, que é conquistar o continente.

Eu não tenho dúvidas de que o PSG é um dos candidatos e pode ganhar a Champions. Mas o fato é que só saberemos o nível real deste time em fevereiro do ano que vem, quando vier o mata-mata, a fase aguda da temporada. Melhor dizendo. O nível é obviamente alto. Mas ele não será colocado à prova até fevereiro.

Já dá para notar certa preguiça nos jogos aos sábados e domingos, em que falta competitividade. E no único jogo "tenso" da temporada, o clássico contra o Marselha, Neymar foi expulso de campo.

Por enquanto, o PSG tem enfrentado nenhuma concorrência na França. Zero. Já tem seis pontos de vantagem para o Monaco e o clássico entre eles, domingo que vem, dificilmente terá a mesma disputa da temporada passada. O Monaco já está eliminado da Champions e é lanterna do seu grupo com uma rodada de antecipação. Só está em segundo na França porque o campeonato é realmente muito fraco e desnivelado. O time do Principado caiu muito.

Na Champions, o PSG, assim como o City, ganhou cinco de cinco. Mas quatro desses jogos foram contra os fraquíssimos Celtic e Anderlecht e a vitória sobre o Bayern de Munique precisa ser relativizada, pois era um time rompido com o técnico – Carlo Ancelotti sairia dias depois da derrota.

O jogo de Munique, que fechará a fase de grupos, não significa muito. O Bayern só será primeiro colocado se vencer por quatro gols de diferença, o que todos sabem que não é realista.

Daqui até o mata-mata, em fevereiro, portanto, o PSG tem jogos em Monaco e em Munique que não têm o mesmo peso que poderiam ter.

O time de Neymar está voando, é verdade. Mas ainda tem muito o que mostrar. O Manchester City, por outro lado, passa mais confiança porque tem adversários muito mais fortes semanalmente.

O que já sabemos na Champions?

Barcelona, que hoje empatou com a Juventus, City, Tottenham e Besiktas garantiram a primeira colocação de seus grupos. O único segundo colocado já certo é o Real Madrid. Times já classificados, a falta de sabermos em que colocação: PSG, Bayern de Munique e Chelsea. Portanto, metade dos participantes das oitavas de final estão definidos.

Manchester United, Roma, Juventus e Sevilla têm suas situações muito encaminhadas. Só ficam de fora com uma tragédia. As quatro vagas reais em jogo estão entre Basel/CSKA, Liverpool/Spartak, Shakhtar/Napoli e Porto/Leipzig.

Vamos grupo a grupo:

A- United 12 pontos, Basel e CSKA com 9. O Manchester United recebe o CSKA na última rodada e precisa do empate para ser primeiro. Na verdade, pode até perder por três gols, que sabe mais, para ser primeiro. O Basel, que vai a Lisboa pegar o eliminado Benfica, pode ficar empatado com o CSKA, portanto é o favorito a ficar com a segunda vaga. Pode haver um tríplice empate na ponta, é por isso que o United não está garantido ainda. Mas, para que o time de Mourinho seja eliminado, precisará perder por sete gols de diferença.

B- PSG 15 pontos, Bayern 12. O Bayern só toma a primeira colocação se vencer o jogo entre eles, em Munique, por quatro ou mais gols de diferença.

C- Chelsea 10, Roma 8, Atlético de Madri 6. Jogam Chelsea-Atlético e Roma-Qarabag. Considerando que a Roma deve ganhar em casa o último jogo, a vaga está na mão. Se isso acontecer, o Chelsea terá de vencer o Atlético para ser primeiro do grupo. O Atlético só passa para as oitavas se vencer em Londres e a Roma não vencer seu jogo. Difícil. Depois de anos de alta competitividade e duas finais, o Atlético está virtualmente eliminado.

D- Barcelona 11, Juventus 8, Sporting 7. O Barça já é primeiro. O Sporting só toma a segunda posição se vencer em Barcelona na última rodada e a Juventus não vencer o Olympiacos, já eliminado, na Grécia.

E- Liverpool 9, Sevilla 8, Spartak Moscou 6. O Liverpool recebe o Spartak na última rodada e basta vencer para ser primeiro ou empatar para se classificar. Se perder, deve ser eliminado, pois dependeria de uma derrota do Sevilla para o fraco Maribor, na Eslovênia. O Sevilla será necessariamente o segundo se empatar, mas pode ser primeiro se vencer (e o Liverpool não). O Spartak se classifica se vencer por qualquer placar em Liverpool.

F- Man City 15, Shakhtar 9, Napoli 6. O City já é o primeiro. O Napoli só se classifica se vencer o eliminado Feyenoord, na Holanda, e o Shakhtar perder na Ucrânia para o time de Guardiola.

G- Besiktas 11, Porto 7, RB Leipzig 7. O Besiktas já é o primeiro. O Porto tem o desempate sobre o Leipzig, portanto basta vencer o eliminado Monaco, em Portugal, na última rodada. O Leipzig, que recebe o Besiktas, só vai às oitavas se fizer um resultado melhor que o do Porto.

H- Tottenham 13, Real Madrid 10. Tudo definido, as duas primeiras posições não estão mais em jogo.

 

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.