Inglaterra mostra uma encrenca tática que será comum na Copa
O jogo do Brasil contra a Inglaterra não foi bom. Mas não é preocupante. É um toque de atenção, porque Tite nunca havia enfrentado uma seleção europeia e logo pegou uma que joga no 3-4-3 cheio de variáveis, que virou moda no futebol mundial.
Na Inglaterra, está todo mundo jogando assim, até mesmo Mourinho, no United, e Guardiola, no City, copiaram a fórmula de sucesso que Conte implementou no Chelsea. A Juventus, às vezes o Barcelona, enfim, tem muita gente jogando assim no futebol de alto nível. E no mundo global, em que todo mundo vê tudo e tem acesso a tudo, copiar é moleza.
São muitas variáveis. É muito diferente ter três zagueiros flanqueados por laterais que sobem pouco ou que sobem muito. Alguns técnicos usam meias ou atacantes para ser o "ala". É um sistema que demanda muito treino e sincronia e que aposta em uma defesa firme com saídas rápidas na transição (a exceção, claro, é o Manchester City). Ele vira um 5-4-1 ou um 5-3-2 na fase defensiva, vira um 3-6-1 e até um 3-3-4 na ofensiva. Numerinhos apenas para tentar ilustrar.
O fato é que o Brasil não conseguiu sair do emaranhado inglês.
O jeito que a Inglaterra jogou é bastante prejudicial aos laterais adversários, especialmente se o time adversário, como é o que caso do Brasil, tem laterais tão ofensivos e tão importantes na criação de jogadas. Pelos lados, os laterais brasileiros são armadores, não apenas metedores de bolas na área.
Como furar um bloqueio desses? Mais difícil ainda seria sem laterais bons como Daniel Alves e Marcelo. Mas o fato é que eles precisarão ser usados mais taticamente do que tecnicamente. Precisam subir, espalhar a defesa rival, prender e incomodar os alas/laterais do adversário. Desta forma, é possível criar maiorias pelo meio com os meias e atacantes.
O Brasil não conseguiu fazer isso hoje. Nem na primeira versão de meio de campo e nem depois que Willian e Fernandinho substituíram Coutinho e Renato Augusto (ainda que tenha melhorado na reta final).
Faltou velocidade na troca de passes, para confundir e deslocar a defesa adversária. E faltaram bons chutes de fora da área.
A melhor chance no segundo tempo veio em uma jogada de velocidade puxada por Neymar, que abriu para a boa finalização de Paulinho. Foi praticamente a única grande infiltração de Paulinho no jogo.
É bom ter jogadores que quebrem defesas, como Neymar e Coutinho. Mas contra adversários bem fechados eles terão poucas chances de jogar como gostam, com velocidade e espaço.
O amistoso contra a Inglaterra serviu demais para ver um tipo de encrenca que será possivelmente frequente na Copa do Mundo. Agora, Tite que se vire para encontrar soluções. Tem alguns meses para isso.
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