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Julio Gomes

Neymar, agora sim, joga como na seleção e dá show em Paris

Julio Gomes

20/08/2017 18h02

Se no primeiro jogo com a camisa do PSG, domingo passado, Neymar fez o que quis em campo, vindo buscar jogo até no círculo central, no segundo, vitória de 6 a 2 sobre o Toulouse, a coisa foi diferente.

Hoje, sim, Neymar jogou de forma muito similar à que joga na seleção brasileira com Tite. Seu posicionamento é pela esquerda, mas ele tem liberdade para afunilar e aparecer em outras áreas do campo. Mas sempre no ataque, não tantos metros longe de gol.

Com técnica e improviso, ele foi o nome do jogo em sua primeira partida no Parque dos Príncipes. Fez dois gols, o mais importante e o mais bonito, cavou pênalti, deu duas assistências e carretilha. Um show, como o esperado pelo valor desembolsado por ele.

Não jogou nem tão fixo na esquerda e precisando até voltar para recompor na marcação, como no Barcelona. E nem tão anárquico como na estreia, em Guingamp.

Mais fiel ao posicionamento, Neymar fez um jogo melhor neste domingo. E funcionou melhor para o time, pois não criou um "congestionamento" no meio de campo. E apareceu mais vezes na área, criando (muito) perigo.

Assim, transformou Rabiot no nome do primeiro tempo. O meio-campista foi, para fazer um paralelo, uma espécie de Iniesta contra o Toulouse, avançando pela esquerda e se aproveitando dos corredores e quebras defensivas criadas por Neymar.

Em um chute de Rabiot, que o goleiro deu rebote, Neymar fez o primeiro gol. Gol importante. Pois o PSG começou melhor, mas cedeu um gol no contra ataque e começava a dar sinais de tensão.

Antes disso, Neymar havia perdido um gol feito, chutando por cima cara a cara. E havia dado uma assistência magnífica desperdiçada por Cavani. Logo depois do empate, Neymar deu uma bela deixada para Rabiot acertar um chute preciso e virar o jogo.

Di María foi quem, assim no primeiro jogo, centralizou seu posicionamento. Uma nítida tentativa de abrir o corredor para Daniel Alves, que apareceu mais vezes no ataque. O sacrificado é Verratti, que precisa ficar mais precavido. Se é para jogar assim, talvez Pastore seja uma opção melhor do que Di María para o time.

No segundo tempo, Neymar tentou cavar um pênalti, fez uma firula, foi o jogador mais ativo, mas Cavani estava pouco inspirado. Depois da expulsão injusta de Verratti, parecia que a coisa iria virar dramática. E aí os gols passaram a sair aos montes.

Neymar cavou um pênalti que eu não marcaria, e Cavani fez 3 a 1. Depois de o Toulouse diminuir, Pastore fez o quarto, e Kurzawa, em um golaço de voleio após escanteio batido por Neymar, fez 5 a 2. O melhor ficou para o fim. Em um lance na área que parecia perdido, Neymar se livrou da marcação e fez um golaço.

Foi um jogo muito agradável, o PSG está jogando bom futebol. E, com Neymar, agora mais fiel ao seu melhor posicionamento e com liberdade de ações, ganhando entrosamento, a tendência é só melhorar.

Só seria bom evitar carretilhas, como a dada nos acréscimos, que só servem para adversários se sentirem humilhados. Tem quem goste. Eu acho que faz mais mal do que bem para ele.

Enquanto isso, o Barcelona ganhou por 2 a 0 do Betis e Messi, apesar de três bolas na trave, andou em campo. O que vai virando tendência. Isso na semana em que o clube admite não ter ainda a assinatura de Messi para a renovação e surge fumaça forte de que ele poderia ir para o Manchester City. Se bobear de graça, ao final da temporada.

Imaginem o Barcelona sem Messi, depois de perder Neymar basicamente por causa do tal protagonismo? Uau.

O PSG soma três vitórias no campeonato. Mas o Monaco também, e a qualidade do atual campeão não caiu, mesmo com os jogadores que saíram. O Campeonato Francês não será a baba que muitos pensam.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.