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Julio Gomes

Prévia do Italiano: Champions e motivação, obstáculos para o hepta da Juve

Julio Gomes

18/08/2017 15h03

Até hoje, o recorde de títulos consecutivos nas ligas mais importantes da Europa é do Lyon, heptacampeão francês na "era Juninho Pernambucano", entre outros grandes jogadores, é claro. A Juventus tenta repetir o feito da Itália a partir deste sábado, quando abre o campeonato contra o Cagliari.

A Juve sempre foi a principal força doméstica, mas nunca dominou tanto quanto agora. Formou um sistema defensivo tão sólido que, mesmo mudando todo mundo do meio para frente, chegou à segunda final de Champions League em três anos. E mantém Dybala, a joia da coroa.

Justamente a Champions é a conta pendente da Juve com seu torcedor. Nos últimos 20 anos, desde que a principal competição europeia foi ampliada, a Juventus é a única potência sem título (foram quatro derrotas em finais). Isso pode atrapalhar o foco na busca pelo hepta nacional? Não foi o que vimos nos últimos anos, mas é sempre difícil motivar jogadores a ganhar o que já ganharam tantas vezes.

Apesar das saídas de Daniel Alves e Bonucci, que não podem ser menosprezadas (pelo jogo e pela liderança de ambos no vestiário), a Juve se reforçou bem no mercado. Trouxe Matuidi, do PSG, Douglas Costa e Benatia, do Bayern, Di Sciglio, do Milan, e, a meu ver a principal contratação, o promissor Bernardeschi, da Fiorentina.

Existe um grande equilíbrio entre Roma, Napoli, Milan, Inter e até Lazio. São bons times de futebol. Mas é difícil imaginar que algum deles possa tirar o título da Juventus. Pode ganhar no confronto direto. Pode ameaçar em algum momento. Mas, no fim das contas, a disputa (boa) promete ser mesmo do segundo lugar para baixo.

Com a saída de Spalletti, a ROMA aposta em um ex-jogador e campeão com o clube em 2001, Eusebio di Francesco. O treinador levou o pequeno Sassuolo da segunda divisão à Liga Europa e adquiriu fama de propor um jogo ofensivo e desenvolver jogadores jovens. É bom lembrar também que agora a diretoria técnica da Roma está a cargo do espanhol Monchi, a grande mente por trás dos anos de sucesso do Sevilla.

A Roma fez caixa (100 milhões de euros) com três vendas importantes: Salah, para o Liverpool, Rudiger, para o Chelsea, e Paredes, para o Zenit. E fez contratações de baixo perfil, como os laterais Karsdorp (campeão holandês com o Feyenoord, 14 milhões), Bruno Peres (Torino, 12 mi) e Kolarov (Man City), os zagueiros Juan Jesus, Hector Moreno e Fazio, os centro-campistas Pellegrini e Gonalons e o extremo turco Under – este, o mais novo de todos, 20 anos, que veio do desconhecido time do Basaksehir, pode ser um dos típicos achados de Monchi.

Alisson será titular no gol da Roma, é muito importante observar o desempenho do goleiro, que tem tudo para ser titular da seleção na Copa.

O NAPOLI manteve a ótima base, com seu envolvente trio ofensivo formado por Mertens, Insigne e Callejón, e reforçou a defesa com o zagueiro sérvio Maksimovic (20 milhões de euros ao Torino) e o volante croata Rog, do Dinamo de Zagreb. A chave para o time de Maurizio Sarri é conseguir conciliar Série A e Champions League. Mas o Napoli e, sem dúvida, o postulante com menos interrogações para poder desafiar a Juve.

O MILAN, que saiu das mãos de Berlusconi para os chineses, foi quem mais fez barulho no mercado. Gastou muito e montou um time novo, mas não com medalhões. Começou bem nas fases prévias da Europa League e está animando o torcedor, sedento por voltar aos grandes palcos. Tudo vai depender da química que o treinador Vincenzo Montella conseguir criar.

Chegaram Bonucci (42 milhões de euros), uma garantia para a defesa; o jovem atacante André Silva (38 mi), de 21 anos, do Porto; a dupla que foi muito bem na Atalanta, o lateral Conti e o volante Kessié; da Alemanha, chegaram o bom meia turno Calhanoglu, do Bayer Leverkusen, e o lateral Rodríguez, do Wolfsburg; e vieram os argentinos Musacchio, do Villarreal, e Biglia, da Lazio.

Uma mistura de jovens com alguns veteranos. Outra grande notícias para os milanistas foi a permanência do goleiro Donnarumma, cortejado por outros gigantes europeus.

A INTERNAZIONALE, após o papelão da temporada passada e tantos técnicos demitidos, aposta as fichas em Luciano Spalletti, ex-técnico da Roma. Foi buscar na Fiorentina os meio-campistas Vecino e Borja Valero, na Sampdoria o zagueiro Skriniar e, no Nice, o desconhecido lateral-esquerdo brasileiro Dalbert, com passagens pelas bases de Flamengo e Fluminense. A Inter pagou 20 milhões de euros por ele, que fará companhia a Gabigol e Miranda.

Spalletti é um grande treinador de futebol. A Inter é um clube complicado, mas tem elenco para brigar no alto e não está em competições europeias, o que alivia o calendário.

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Supercopa da Itália:

13/8/17 Lazio 3 x 2 Juventus

Maiores campeões italianos: Juventus (33), Milan (18), Internazionale (18)

Previsões:

Título: Juventus
Vice: Napoli
Vaga na Champions: Inter
Artilheiro: Higuaín
Melhor jogador: Dybala
Olho em: o Torino promete fazer um bom campeonato
Na TV: FOX e ESPN

Primeira rodada:

Sábado
13h Juventus x Cagliari
15h45 Verona x Napoli

Domingo
13h Atalanta x Roma
15h45 Bologna x Torino
15h45 Crotone x Milan
15h45 Internazionale x Fiorentina
15h45 Lazio x Spal
15h45 Sampdoria x Benevento
15h45 Sassuolo x Genoa
15h45 Udinese x Chievo

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.