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Julio Gomes

Brasileiros, argentinos e dois intrusos na Libertadores

Julio Gomes

11/08/2017 00h23

Estão definidas as quartas de final da Libertadores. A grande zebra das oitavas de final foi a eliminação do Atlético Mineiro pelo Jorge Wilstermann, da Bolívia. De resto, tudo normal.

A eliminação do Palmeiras não é uma zebra. É verdade que é um clube de mais investimento e maior folha salarial, mas o futebol sul-americano é nivelado por baixo, e o Barcelona de Guayaquil já havia mostrado seu valor na fase de grupos, deixando pelo caminho o atual campeão, Atlético Nacional, e vencendo o Botafogo no Rio.

Galo e Palmeiras, as decepções da temporada nacional até agora, foram os únicos que perderam a vaga em casa. O San Lorenzo se safou nos pênaltis nesta quinta à noite, após perder do Emelec por 1 a 0 em Buenos Aires.

A chave está desenhada para uma final entre um argentino e um brasileiro.

De um lado, o River Plate enfrenta o Jorge Wilstermann. Vai ter de enfrentar a altitude boliviana na ida, antes de decidir no Monumental. O River é o único favorito das quartas de final. Se passar, garante um argentino na decisão, pois enfrentará o vencedor de San Lorenzo x Lanús.

O outro lado tem três brasileiros e o Barcelona. O Santos é quem vai jogar a ida no Equador antes de decidir em casa. Não vejo favoritos. O Santos tem conseguido bons resultados com mau futebol, e não à toa a revolta geral por Vanderlei não ter sido convocado para a seleção. O goleiro é, disparado, o melhor jogador do time. O Barcelona joga melhor fora do que em casa, então decidir longe do Equador não é um problema gigante.

Nesta quinta, o Santos jogou como time pequeno na Vila Belmiro. Foi amassado pelo Atlético-PR, que fez sua melhor partida na temporada. O Atlético merecia ter vencido o jogo. Mas levou um gol no contra ataque, já nos minutos finais e esgotado fisicamente.

Se jogar assim, como disse o próprio Levir, o Santos não chegará à semifinal. O Barcelona já tirou o Palmeiras, é um time muito rápido, que sabe jogar bola.

Para chegar à decisão, o Barcelona teria de se transformar no exterminador de brasileiros, e sempre abrindo os duelos em casa e decidindo fora. Difícil que aconteça, mas é bom abrir o olho. O futebol brasileiro já teve muitos tropeços inesperados por excesso de prepotência.

Grêmio e Botafogo, o exterminador de campeões (já deixou cinco pelo caminho, contando as fases prévias), decidirão as quartas em Porto Alegre. No ano passado, o Botafogo ganhou na Arena pelo Brasileirão. Neste ano, no turno, foi 2 a 0 para o Grêmio (mas com um gol irregular). O jogo do returno será neste fim de semana, no Rio.

Não consigo apontar favoritos. O Grêmio gosta de jogar com a bola, dominar e agredir seus adversários. Mas o Botafogo gosta de jogar sem a bola, é muito dedicado taticamente e se sente confortável aproveitando erros e saindo rapidamente em transição. O desenho do jogo já está na cabeça de todos. Resta saber quem aproveitará melhor as chances. A presença (ou ausência) de Luan pode ser fundamental para o confronto.

Contra o Santos, o Grêmio decidiria a semifinal em casa. Já o Botafogo abriria a disputa no Rio e decidiria fora. Tanto Grêmio quanto Botafogo estão jogando melhor do que o Santos, mas, como sabemos, o Santos tem conseguido os resultados mesmo sem jogar bem, com um grande Vanderlei. Tem história no torneio, convém não duvidar.

 

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.