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Julio Gomes

Corinthians é a primeira força (até que se prove o contrário)

Julio Gomes

25/06/2017 18h11

O Corinthians não perde. E times que não perdem, adivinhem só, ganham campeonatos. Se o Corinthians não perdeu do belíssimo time do Grêmio, com 50 mil pessoas empurrando, vai perder de quem?

Próximos jogos? Botafogo e Ponte Preta em casa. Depois disso, dérbi com o Palmeiras no Allianz Parque. E atenção! A Ferroviária não está na Série A. Foi o último time a ganhar do Corinthians, três meses atrás.

Aqui em São Paulo, muito se ironizou pelo fato de algumas pessoas colocarem o Corinthians, no começo do ano, como a quarta força do Estado. Era normal considerar Palmeiras e Santos superiores, vinham de um Brasileiro muito bom, times prontos. O Corinthians estava abaixo mesmo desses dois, na teoria.

Na prática, foi lá e ganhou o Campeonato Paulista. Derrotou a Ponte Preta, que havia derrotado Santos e Palmeiras. Chegou ao Brasileiro ainda com desconfiança, inclusive deste blog. Me parecia um time muito bem montado, organizado, mas enxuto e sem grandes fazedores de diferença. Um time para G4, não para título.

Mas, depois da vitória sobre o Grêmio, a primeira na Arena, a primeira em Porto Alegre desde 2011 (ano de título), o Corinthians precisa ser considerado a primeira força do Campeonato Brasileiro. É o time a ser batido.

Já está quatro pontos na frente do Grêmio, dez na frente dos terceiros colocados. Já é campeão? Claro que não. Mas, com um quarto de campeonato transcorrido, o Corinthians se posiciona como favorito maior ao título. Os outros que corram atrás.

O primeiro tempo de Grêmio e Corinthians foi espetacular. Fazia tempo que o futebol brasileiro não nos brindava com um jogo tão bem jogado. Dentro de seus estilos, os dois times fizeram a bola rolar, não bateram, foram leais, não ficaram reclamando com arbitragem, tiveram algumas chances. Até o juiz foi perfeito, ao não dar um pênalti inexistente em Fágner. Só faltou mesmo o gol.

E o gol saiu no começo do segundo tempo. Grande arrancada de Paulo Roberto, um dos melhores em campo, herói improvável. Na defesa, foi um inferno na vida de Luan, não dando o espaço entre linhas que o gremista tanto gosta. No ataque, em um lance parecido ao do gol, ele quase marcou no primeiro tempo. No segundo, serviu Jô, que fez o corta-luz para Jadson marcar.

Falha de Marcelo Grohe. Por mais que o chute tenha sido à queima-roupa, não pode levar gol no meio das canetas.

Se Grohe será criticado, o que dizer de Cássio? Foi o nome de um jogo e faz Luan despencar na lista de melhores do campeonato. Porque, se Luan foi o nome das nove primeiras rodadas, brilhando nas sete vitórias gremistas, foi péssimo no jogo mais importante até agora.

Pelo pênalti perdido, batido de forma displicente? Também, mas não só. Minutos antes, perdeu um gol que não pode perder dentro da pequena área, defendido por Cássio. Tomou decisões erradas, errou bolas importantes, foi francamente mal.

O Corinthians é um time difícil de ser batido porque é extremamente disciplinado taticamente. Não é um time que só se defende. É um time parecido com os de José Mourinho. Defende-se muito bem, fechas os espaços importantes do campo, não comete erros bobos e, quando retoma a bola, se movimenta com velocidade e deslocamentos treinados e pensados. Ninguém corre à toa.

O Grêmio começou o jogo com ímpeto, mas pouco a pouco o jogo vai ficando chato para o adversário. Ele não encontra espaços, começa a tentar coisas que não tentaria novamente, comete erros. Perde o foco. E, neste exato momento, o Corinthians vai lá e mata.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.