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Julio Gomes

Três razões para acreditar na Juventus. E três para crer no bi do Real

Julio Gomes

01/06/2017 12h23

A final da Liga dos Campeões, sábado, será a primeira em muitos anos que realmente apontará quem é o melhor time da Europa. Um tira-teima entre os dois melhores da temporada. A Juventus, campeã italiana e da Coppa Itália, tenta a tríplice coroa inédita. O Real Madrid tenta ser campeão espanhol e europeu pela primeira vez desde 1958.

Os dois gigantes têm motivos de sobra para acreditar que podem levantar a "orelhuda" em Cardiff, no País de Gales. Aqui, o blog aponta os três principais.

TRÊS RAZÕES PARA ACREDITAR NA JUVENTUS

1- Melhor defesa do mundo

Dizem que ataques ganham jogos, defesas ganham campeonatos. O sistema defensivo da Juventus começa pelos atacantes e a pressão que exercem lá na frente, o que já virou praxe no futebol mundial. E acaba em uma verdadeira muralha. Buffon, melhor goleiro das últimas duas décadas, talvez da história, e a seguríssima linha de zaga formada por Chiellini e Bonucci, talvez com Barzagli acompanhando pela direita. Na atual campanha na Champions, a Juve sofreu três gols em 12 jogos – o único sofrido no mata-mata foi na semifinal contra o Monaco, com a eliminatória já decidida.

2- O fator Daniel Alves (e a fome)

Ele quase foi para a China. Mas resolveu ficar no futebol de alto nível e chegou a Turim dizendo que queria ajudar a Juventus a ganhar uma Champions League. Foi o principal nome da semifinal contra o Monaco, atuando em uma posição mais avançada pela direita – que deve se repetir no sábado. Se for campeão da Champions (seria a quarta), Daniel Alves chegará a 36 títulos na carreira, se igualando ao galês Ryan Giggs, multicampeão no Manchester United.

Aliás, depois de lerem o resto desse post, voltem, cliquem aqui e leiam um texto para a história publicado nesta semana por Daniel Alves. Quem não chorar é porque tem coração de pedra. Com esse texto maravilhoso, Daniel nos mostra como a fome de vencer impulsiona jogadores profissionais. Assim como ele, a Juventus tem muitos jogadores no elenco querendo provar algo para o mundo.

3- Histórico recente contra o Real

É verdade que o histórico aponta oito vitórias para cada lado e na única vez que se enfrentaram em uma final europeia, em 1998, deu Real Madrid. Mas, de lá para cá, a Juventus vem dominando os duelos contra o rival espanhol. Saiu vencedora de confrontos eliminatórios em 2003 (semi), 2005 (oitavas) e 2015 (semi). Este último, dois anos atrás, tinha muitos jogadores que estarão em campo no sábado do lado do Real Madrid. Oito titulares que atuaram na volta (empate no Bernabéu) jogarão a final de Cardiff, ou seja, é essencialmente o mesmo time. Por parte da Juve, somente o eixo defensivo repetirá.

TRÊS RAZÕES PARA ACREDITAR NO REAL MADRID

1- O ataque que não falha

O Real Madrid fez pelo menos um gol em todos (isso mesmo, você leu direito, TO-DOS) os jogos que disputou nessa temporada. Foram 169 gols em 59 partidas. Considerando a temporada passada, a sequência histórica já está em 64 jogos. O Real não passa em branco desde abril do ano passado. Quando um time já entra em campo com a certeza de meter pelo menos uma para dentro, quem coça a cabeça é o adversário.

2- O Real não perde finais

Todos sabem que o Real Madrid é o maior campeão europeu de todos os tempos, já são 11 troféus de Copa dos Campeões e Champions League. Uma das razões para isso é o incrível aproveitamento de 78% nas decisões. É aquela história: "deixou chegar…". Ninguém tem percentual tão alto – exceto alguns clubes que ganharam todas as finais que jogaram, mas nunca disputando mais do que duas. O Real é o recordista de decisões, chegou a 14. A última derrota veio em 1981, para o Liverpool. De lá para cá, cinco decisões, cinco canecos. Já a Juventus, pelo contrário, ganhou duas de oito. O aproveitamento de 25% em decisões europeias é o pior entre todos os que já ganharam o título alguma vez.

3- O equilíbrio encontrado com Isco

Foi necessária a série de lesões e recaídas de Bale para Zidane encontrar o time ideal. E que aparentemente será mantido para a decisão, consideradas as declarações do próprio Bale durante a semana. Apesar de Zidane ter batido o pé ao longo da temporada ("no trio de ataque não se mexe"), o fato é que o time ficou mais equilibrado com Isco no topo do losango do meio de campo. Cristiano Ronaldo e Benzema passaram a atuar mais próximos e receber mais bolas limpas. A presença de Isco desafogou de Kroos e Modric a responsabilidade única de municiar o ataque e criou inúmeras linhas de passe a mais. Com essa formatação, o Real passou a se impor nos jogos e depender menos de bolas paradas, chuveirinhos e vitórias arrancadas nos minutos finais, que vinham sendo regra na temporada.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.