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Julio Gomes

Bayern humilha e pode ter decretado o fim da era Wenger

Julio Gomes

15/02/2017 19h37

É um dos debates mais quentes da Inglaterra. Arsène Wenger ficará ou não no Arsenal?

Os 5 a 1 sofridos em Munique nesta quarta-feira foram humilhantes. Mais do que o placar, apenas um time jogou. O Bayern teve 70% de posse de bola. Talvez (não tenho como pesquisar esse dado rapidamente) nunca um time de Wenger tenha tido tão pouco a bola.

O Bayern já dominava completamente quando o Arsenal achou o empate em um pênalti bobo. No segundo tempo, foi um atropelamento. Quatro gols, outros tantos perdidos, parecia profissional contra amador.

O francês chegou em 1996 e mudou a história do Arsenal. Transformou um clube perdedor, irrelevante no cenário europeu e que era conhecido por jogar "feio" em uma coisa completamente diferente. O Arsenal virou sinônimo de "futebol bonito". Em 20 anos, ganhou outro DNA.

Ganhou também títulos. Foram três Premier Leagues logo de cara, em 98, 2002 e 2004 (esta, de forma invicta). A Copa da Inglaterra em 98, 2002, 2003 e 2005. Final europeia em 2006 – aquele gol de Belletti, lembram?

Desde o segundo ano de Wenger no Arsenal, o clube se classificou para TODAS as Ligas dos Campeões da Europa – são 19 participações consecutivas. Isso permitiu à instituição fazer dinheiro, mesmo sem ter recebido aportes bizarros de russos ou árabes. Permitiu ao clube construir um estádio novo e maior, fazer a marca virar mundial.

O Arsenal passou da fase de grupos das últimas 14 Champions. Só que, com os 5 a 1 que levou do Bayern de Munique, é plausível imaginar que o Arsenal será eliminado pela sétima vez consecutiva nas oitavas de final. E lembra aqueles títulos todos que eu citei acima, nos 10 primeiros anos de Wenger? Eles minguaram. Foram duas Copas da Inglaterra, em 2014 e 2015. Dez anos seguidos chegando em terceiro ou quarto na Premier, sem chance de título.

O Arsenal perdeu a graça.

E Wenger, é bem possível, tenha que perder o emprego.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.