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Julio Gomes

Chelsea mata o Arsenal e já pode comemorar a Premier League

Julio Gomes

04/02/2017 12h42

É verdade que teve uma ajudinha da arbitragem, mas o Chelsea dominou completamente e venceu o Arsenal por 3 a 1, neste sábado, em clássico londrino. A Premier League está decidida. É azul de novo.

A ajudinha veio no primeiro gol, uma falta claríssima de Alonso, que subiu com o cotovelo no rosto de Bellerín (teve de ser substituído) antes de cabecear. O Arsenal ameaçou empatar no primeiro tempo, mas foi destruído no segundo. O segundo gol do Chelsea, de Hazard, foi uma pintura. O belga é o melhor jogador do campeonato e um dos melhores do mundo.

Não que o Arsenal fosse o maior rival do Chelsea pelo título. Mas o fato é que os jogos desta semana, contra Liverpool e Arsenal, eram fundamentais para reabrir o campeonato. O Chelsea, que havia perdido para ambos no turno, empatou em Liverpool e ganhou bem em casa hoje. Não deixou ninguém abrir brecha alguma.

Na tabela, o Chelsea chega a 59 pontos. São 19 vitórias, 2 empates e 3 derrotas. Dominação total. Os perseguidores: Arsenal com 47, Tottenham com 47, Manchester City, Liverpool com 46, Manchester United com 42 pontos – os últimos quatro ainda jogam na rodada.

Arsenal e Tottenham não foram capazes de ganhar uma liga que ficou para o Leicester ano passado – são times em punch. Faltam muitas coisas. O City de Guardiola deve melhorar na reta final, mas ainda derrapará aqui e ali e o grande objetivo é a Champions League. O Liverpool vive seu pior momento na temporada. O United, além de muito longe na tabela, ainda tem final da Copa da Liga no caminho – para Mourinho, não estaria nada mal um título logo de cara, por menos relevante que seja.

Por falar em Champions League, essa é uma das chaves. Enquanto o Chelsea está fora das competições europeias, pela péssima temporada passada que fez, seus principais concorrentes estão para lá de envolvidos. City e Arsenal enfrentam, respectivamente, Monaco e Bayern de Munique em fevereiro pela Champions. O Tottenham está vivo na Europa League. Não é uma prioridade, mas pode se transformar conforme as fases avancem. O mesmo vale para o United.

O Chelsea tem apenas a Copa da Inglaterra para ser jogada ao mesmo tempo que a Premier. Se precisar poupar jogadores na Copa, não duvidará em fazê-lo.

Desde que Abramovich chegou com aquele caminhão de dinheiro e o Chelsea virou um clube milionário, um grande europeu, foram quatro títulos nacionais: 2005, 06, 10 e 15 – três com Mourinho, um com Ancelotti. Só o United ganhou mais ligas no período: foram cinco ainda com Ferguson, a últimas delas em 2013.

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A verdade é que o trabalho de Antonio Conte, outro italiano brilhando no Chelsea (além de Ancelotti, teve Di Matteo campeão da sonhada Champions em 2012), é maravilhoso.

Fui justamente na derrota por 3 a 0 para o Arsenal, no primeiro turno, que ele revolucionou o sistema do time. Abandonou o 4-2-3-1 dos últimos anos, passou a jogar com três zagueiros e deu total liberdade a Hazard na frente.

Assim como o Leicester do ano passado, o Chelsea prima pela fantástica compactação na defesa e uma velocidade incrível para fazer a transição defesa-ataque.

É pobre rotular esse Chelsea como um time de contra ataque. Sim, é verdade que os contra ataques são mortais com a velocidade de Hazard e Pedro (ou Willian, quando entra) e a grande capacidade de finalização de Diego Costa. Mas o Chelsea mostrou ser mais que isso dominando completamente o segundo tempo contra o Arsenal.

Com Kanté, que era o motorzinho do meio de campo do Leicester e faz o mesmo no Chelsea, o time recupera muitas bolas. Moses e Alonso defendem e atacam pelas laterais. David Luiz, bem posicionado e com a cabeça no lugar, faz uma temporada impecável. Ninguém se aproxima da área e, quando consegue fazê-lo, para nas espetaculares defesas de Courtois, talvez o melhor goleiro do mundo hoje.

Goleiro bom, defesa compacta, meio de campo que rouba muitas bolas e tem capacidade de municiar, triangular e manter a posse com os atacantes – que se mexem por todo o campo.

Conte, em seu primeiro ano na Premier, assim como Guardiola, achou a fórmula ideal. Faltam 14 jogos para o Chelsea. A maioria contra times da parte baixa da tabela. Só em abril haverá confrontos contra os dois times de Manchester – se bobear, a Premier já estará liquidada matematicamente até lá.

Esqueçam o "ainda é cedo". O título inglês já é do Chelsea.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.