Novo PSG bobeia, mas é bom ficar de olho nesse time
Foram três anos com Laurent Blanc. O "novo rico" Paris Saint-Germain consolidou seu domínio no futebol doméstico, chegou às quartas de final da Liga dos Campeões, mas, na hora H, falhou. E falhou porque faltaram elementos básicos para quem quer dar um passo a mais na Europa: intensidade e criatividade – não só dos jogadores, mas do comandante.
Toda troca de técnico é complicada no início. E o espanhol Unai Emery, tricampeão da Europa League com o Sevilla, não chegou ao PSG exatamente para deixar as coisas como estavam, mas, sim, mudar.
E mudou. O PSG estreou na Champions League empatando em casa com o Arsenal, 1 a 1, levando um gol de Alexis Sanchez no final. Mas se tem um placar "mentiroso" dos jogos que vi ultimamente foi esse aí.
Foi um total banho do PSG no Parque dos Príncipes. Emery, que não tem mais Ibrahimovic, montou o time com Cavani no comando de ataque e um meio de campo bastante diferente e dinâmico. Em vez de abrir dois pontas, como sempre fazia Blanc, Emery optou por colocar o polonês Krychowiak na proteção e avançou Rabiot, Verratti, Di María e Matuidi em um 4-1-4-1. Os laterais se incorporaram o tempo todo.
Foi um time ofensivo, com muitas triangulações e infiltrações, campo espalhado, associações e chances criadas. O dinamismo que o jogo exige hoje e que atrapalha a marcação adversária. Na defesa, a entrada de Marquinhos no lugar de David Luiz melhora demais a zaga.
Cavani fez 1 a 0 logo no primeiro minuto de jogo. E, a partir daí, o PSG cansou de perder gols e boas oportunidades de contra ataque. Poderia ter goleado.
Arsene Wenger corrigiu um erro de escalação no segundo tempo, colocou Giroud e abriu a posição de Sánchez. Mesmo melhor, o Arsenal ainda não era páreo para o PSG. O grande escritor britânico Simon Kuper resumiu o que se via assim: "Di María parece ser quatro vezes melhor do que qualquer jogador do Arsenal".
Só que o futebol é uma coisa linda por sua eterna capacidade de surpreender. E, em um lance fortuito, na reta final, o Arsenal achou o empate. E ainda quase virou no fim.
O início de temporada do PSG está longe de ser perfeito. Mas foi facilmente perceptível um PSG mais leve em campo, com mais opções, mais criativo e mais intenso. Ganhar ou perder, ainda mais neste estágio da temporada, é menos relevante do que a perspectiva criada.
Coloquei o PSG em uma pequena lista de quatro times que podem (difícil, mas podem) tirar o título do trio que domina a Europa (Real Madrid, Barcelona e Bayern de Munique). O jogo desta terça, apesar do empate, mostra que o PSG tem potencial para fazer algo diferente neste ano – a não ser que perca a paciência com Emery. Nunca se sabe o que se passa na cabeça dos donos do dinheiro.
É importante, claro, garantir a primeira colocação do grupo, que tem os fracos Basel e Ludogorets (empataram por 1 a 1). Assim, fugir de um confronto mais complicado nas oitavas. Há tempo para isso e para buscar os pontos perdidos no duelo de Londres contra o Arsenal.
De resto, a primeira rodada da Champions foi aquela de sempre – algo precisa ser feito para a fase de grupos voltar a ser atraente.
O Barcelona meteu 7 a 0 no Celtic escocês, com vários golaços, assistências de Neymar, enésimo hat trick de Messi. O Bayern de Munique fez 5 a 0 no Rostov russo. E o Atlético de Madri, como não, foi à Holanda e ganhou do PSV por 1 a 0. "A lo suyo", como dizem na Espanha. Defesa firme, time capaz de ganhar jogos onde for, contra quem for.
No grupo B, um dos únicos equilibrados e imprevisíveis, a "lei do ex" falou alto, e Talisca marcou para o Besiktas no finalzinho, empatando contra o Benfica, em Lisboa. Já o Napoli foi a Kiev e ganhou do Dynamo por 2 a 1, de virada. Vitória grande.
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