Guardiola supera Mourinho em dérbi eletrizante
Manchester United e Manchester City, ou José Mourinho e Pep Guardiola, entregaram o que todos esperavam do primeiro dérbi da cidade na temporada. O City venceu por 2 a 1 fora de casa, em um golpe de autoridade na disputa que certamente os dois clubes de Manchester vão travar em busca do título da Premier League.
O City segue com 100% no campeonato, quatro vitórias em quatro jogos. Mourinho perde a primeira no comando do United.
Foi um jogaço, eletrizante, de tirar o fôlego do primeiro ao último minuto. O City foi melhor e mereceu vencer.
No primeiro tempo, foi um banho do time azul de Guardiola. Além de dominar a posse de bola, o City machucou o United com uma postura ofensiva. Pep escalou o time com Fernandinho com único volante (jogou demais) e muita madeira na frente: David Silva e De Bruyne se incorporando, Sterling e Nolito abertos pelas pontas e o jovem Iheanacho substituindo Aguero.
Curiosamente, foi em um chutão para frente que saiu o primeiro gol, um gol típico da Premier League, típico dos times de qualquer técnico, menos Guardiola. Iheanacho escorou o balão de cabeça, Blind falhou, e De Bruyne ficou no mano a mano com De Gea para concluir com perfeição. O belga foi o melhor jogador em campo, não só pelo gol, mas pelas diversas ocasiões em que deixou o United em apuros.
Aos 36min, foi de uma jogada individual de De Bruyne que saiu a finalização na trave e, no rebote, Iheanacho fez o segundo.
O jogo era dominado completamente pelo City, até que a história mudou em um erro bisonho de Claudio Bravo na saída do gol após uma bola parada alçada na área. Ibrahimovic, genial, aproveitou o erro com uma chicotada para diminuir. Eram 42min do primeiro tempo.
A etapa inicial foi um retrato desta disputa histórica que Pep e Mou representam.
Os times de Pep são sempre mais legais de ver. Ofensivos, buscam a bola, o jogo, a vitória de forma mais agressiva. O City valoriza a bola (teve 60% de posse), mas vai muito além disso. Mescla a forma de Guardiola ver o jogo com as características de extrema velocidade do futebol jogado no país. Assim como Guardiola incorporou elementos nos três anos de Bayern, o mesmo vai acontecendo agora.
Os times de Mou especulam mais, buscam a vitória através da destruição primeiro, a construção depois – ambas as facetas de jogo de forma incontestavelmente eficientes. Em um jogo em que seu time foi inferior, ficou a um triz de sair com o empate.
No entanto, Pep ainda vai ter remar muito para alcançar Mourinho no modo como o português ataca o mercado e participa das finanças dos clubes.
A saída do goleiro Hart do City, além de traumática, ocorrida no último dia da janela de transferências, representou perda de dinheiro para o clube. Chegou Bravo, que é bom goleiro. Mas custou bem caro (18 milhões de euros) e falhou feio na estreia. E não só falhou no lance do gol. A grande suposta qualidade aos olhos de Pep, a saída de bola com os pés, quase colocou o City em apuros algumas vezes. Quem aproveitou o erro de Bravo foi Ibra, que chegou de graça ao United para jogar com Mourinho.
No segundo tempo, o jogo mudou completamente. As entradas de Herrera e Rashford no United melhoraram o time, que adiantou as posições de Rooney e Pogba e passou a pressionar demais a saída de bola do City, roubar algumas e rondar a área adversária. O empate parecia próximo, quando foi a vez de Guardiola atuar. Colocou Fernando na contenção para ajudar Fernandinho, estabilizando o sistema defensivo.
Em contra ataques, o City quase chegou ao terceiro gol. Mas, nos acréscimos, foi aquele sufoco em que quase o United empatou. No fim, pelo amplo domínio do City no primeiro tempo e nenhum erro capital do árbitro, foi um resultado justo.
Ao todo, são agora 17 confrontos diretos entre Mourinho e Guardiola. Mou fica com três vitórias, Guardiola chega à oitava – são seis empates.
Em mata-matas, 1 a 1 em Champions League, 1 a 1 em Copas do Rei, 2 a 0 para Pep nas Supercopas que pouco valem. Desequilíbrio no geral, ampliado com a vitória do City neste sábado, mas equilíbrio nos confrontos eliminatórios – e certamente veremos mais deles nesta e nas próximas temporadas.
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