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Julio Gomes

Cristiano falha. Portugal, não. Quarta semi em cinco Euros

Julio Gomes

30/06/2016 18h55

Portugal empatou os cinco jogos que disputou na Eurocopa. Não é exatamente uma grande campanha. Não perdeu de ninguém, mas tampouco ganhou – em 90 minutos, claro. Já sabemos que bateu a Croácia com gol no último minuto da prorrogação nas oitavas.

Justamente contra a Polônia, na abertura das quartas de final, fez seu primeiro bom jogo. Apesar dos erros de Cristiano Ronaldo, o resto do time fez seu papel.

Com justiça, Portugal está entre os quatro da Europa. DE NOVO.

São quatro semifinais em cinco Eurocopas, o que nunca Alemanha, Itália ou qualquer outra fez na história dos Europeus. Em 2000, perdeu da França de Zidane na semi, na prorrogação. Em 2004, perdeu a trágica final para a Grécia em Lisboa. Em 2008, caiu nas quartas para a Alemanha. Em 2012, perdeu a semi para a Espanha nos pênaltis.

Em 2016, o rival será Gales ou a Bélgica. Contra Gales, será um jogo parecido com o contra a Polônia. Contra a Bélgica, que é superior, seria um jogo parecido com o das oitavas de final.

Fernando Santos, um técnico da "escola da retranca", não pode ficar sem o mérito de eleger a melhor opção tática para seu time em função do rival. Contra a Croácia, esperou, não se atreveu a jogar de igual para igual. Admitiu a inferioridade técnica, buscou o contra ataque, quis os pênaltis e achou um gol. Contra a Polônia, teve o mando do jogo, controlando a posse de bola e atacando com mais gente.

Os poloneses aproveitaram um erro pontual de Cedric para fazer 1 a 0, com Lewandowski. A partir daí, seria o jogo que a Polônia queria, com o contra ataque a dispor. Assim, teve mais um par de chances que poderiam ter matado o jogo no primeiro tempo.

Mas logo Portugal foi ganhando terreno e coragem. E a Polônia se encolheu demais, cedo demais. Não quis mais jogo. Faltou ambição, assim como faltara para a Croácia nas oitavas. Foi o pecado polonês.

O empate, ainda no primeiro tempo, não teve nada a ver com Cristiano Ronaldo. Belo passe de Nani, golaço do promissor garoto Renato Sanches.

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No segundo tempo de jogo e no primeiro tempo da prorrogação, Portugal foi muito superior. Mas aí Cristiano Ronaldo falhou.

Primeiro, avançou livre pela esquerda e, em vez de servir João Mário, que fechava na pequena área, resolveu dar um chute cruzado pífio. Foi fominha.

Depois, aos 40 do segundo tempo, furou em uma bola boa para meter para dentro. Na prorrogação, não finalizou corretamente uma bola limpa cruzada da esquerda, dentro da pequena área. Três chances de gol claras, que morreram nos pés de Cristiano.

Não foram gols perdidos do "nível Higuaín". Mas foram chances que teriam inclinado o jogo para Portugal. Pelo menos nos pênaltis ele foi lá e meteu o dele (alô, alô, Messi).

Se Portugal acertar outro bom jogo e Cristiano Ronaldo, dessa vez, estiver mais preciso, pode chegar à final. Se não, é contar com a sorte além da conta.

Quando Messi falhou, nenhum santo argentino salvou a pele dele. Cristiano Ronaldo pode se considerar um felizardo.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.