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Julio Gomes

Arsenal falha, Leicester e Tottenham se descolam na Premier mais maluca

Julio Gomes

28/02/2016 13h36

Se alguém em agosto falasse assim: "O Chelsea vai fazer uma temporada horrorosa. O United também. O City vai ser muito inconsistente. O Arsenal vai fazer o de sempre. E o título inglês vai ficar entre Leicester e Tottenham… "…. o que você diria?

Maluco. No mínimo.

Pois é. Estamos quase em março. E é assim que se desenha a liga doméstica mais cara do mundo e uma das mais competitivas. Das niveladas por alto, a mais emocionante.

Leicester e Tottenham sofreram demais em casa contra adversários que deveriam ter atropelado neste fim de semana. Um ganhou com um gol no finalzinho, o outro com uma virada no quarto final da partida. Sofreram, mas ganharam!

O Leicester tem 56 pontos na tabela. O Tottenham, 54. O Arsenal parou nos 51. O Manchester City tem 47 e um jogo a menos, poderia ir a 50. Faltam 11 rodadas (12 para o City). Tem ponto pra caramba em jogo. Mas o fato é que hoje, ainda mais com vitórias dramáticas e heróicas como essas, Leicester e Tottenham começam a acreditar no inacreditável.

O Arsenal fazia um bom jogo em Old Trafford contra o Manchester United, que tinha 567 desfalques. Até que um garoto que ninguém conhecia, Marcus Rashford, 18 anos, meteu dois gols. O United ganharia a partida por 3 a 2.

Virtualmente eliminado da Champions pelo Barcelona, sobra ao Arsenal a chance de ouro de conquistar a Premier League, que não ganha há 12 anos. Nas últimas 10 temporadas, o Arsenal viu Chelsea e City se tornarem clubes milionários, acabou quatro vezes em terceiro lugar e seis vezes em quarto lugar.

tottenhamarsenalSe continuar perdendo onde sempre perde (exemplo, Old Trafford) e ficar ganhando só de quem sempre ganha, o Arsenal acabará onde sempre acaba: terceiro ou quarto.

No sábado que vem, tem Tottenham x Arsenal, o dérbi do norte de Londres. O maior clássico da cidade, com todo respeito ao Chelsea. Tem ares de final de campeonato.

Nos próximos 8 jogos, o Leicester joga 3 vezes em casa e 3 vezes fora contra times da metade de baixo da tabela. Outros 2 jogos são em casa, contra West Ham e Southampton, que fazem boas campanhas. Nos últimos jogos, terá de sair para enfrentar United e Chelsea, além de pegar o Everton em casa.

É tabela para ganhar quatro, cinco jogos seguidos, abrir vantagem e ganhar um campeonato que seria épico. Seria a maior zebra das grandes ligas europeias nos últimos 25 anos, com mercado comum europeu, lei Bosman e elencos globalizados. O problema é que, por ser um time de contra ataque, o Leicester tem enfrentado dificuldades contra times piores, jogos em que "adquiriu" a obrigação de ganhar.

Já o Tottenham tem agora dois dérbis locais em sequência: West Ham no meio de semana, fora, e Arsenal no sábado, em casa. Jogos duríssimos. Depois tem dois jogos fáceis e enfrenta Liverpool fora e United em casa. Na reta final, o Chelsea fora. É uma tabela muito mais complicada que a do Leicester, no papel.

O Tottenham não é campeão inglês desde 1961. Não ficou nem entre os três primeiros desde a criação da Premier League, no início dos anos 90. Acredito que o sonhado título depende de vitórias nos dois dérbis dessa semana. Se bater West Ham e Arsenal, acho difícil segurar o Tottenham.

A tabela do Arsenal é a mais fácil dos três. As cascas são justamente o dérbi na casa do Tottenham e um jogo fora de casa com o Manchester City na penúltima rodada.

Ver o Leicester campeão seria um sonho para aqueles que torcem para o mais fraco conseguir o impossível. Mas tem toda a pinta de que o Tottenham e Arsenal do próximo sábado irá apontar o próximo campeão inglês.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.