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Julio Gomes

Arsenal morreu nas mãos do 'novo' Barça

Julio Gomes

23/02/2016 20h04

Falar que um time campeão de tudo é "novo" talvez pareça equivocado. Mas o contexto é maior. O Barcelona foi se transformando ao longo dos últimos 12 anos. O que não mudou foi a veia vitoriosa e o jeito de encarar o futebol, a filosofia. Mas o estilo em campo e o jeito de ganhar partidas foram sendo modificados. Era um com Rijkaard, outro com Guardiola e, agora, é diferente com Luís Enrique.

O Barça de Neymar e Suárez ao lado de Messi tem mais dificuldades para criar jogo no meio de campo – foi-se Xavi. Por outro lado, tem muito mais facilidade para contra atacar. Não tem vergonha alguma de fazer ligação direta e buscar o trio de frente. Não era assim antes.

E foi assim que o Arsenal morreu, de novo, para o Barça nas oitavas da Champions League.

Jogou bem, o time de Wenger. Pressionou no primeiro tempo, fechou linhas, deixou o Barça desconfortável em campo. Os catalães tinham a esmagadora posse de bola, mas não chegavam nem perto da área. As ajudas, marcações duplicadas e triplicadas, inviabilizavam o fluxo de jogo.

No segundo tempo, porém, o Arsenal cometeu um erro grave. Tentou ganhar de forma mais agressiva. E tudo o que o novo Barça gosta é de times agressivos, que abrem buracos entre as linhas. Logo no início da etapa final, foi possível flagrar um sem número de ocasiões de 5 contra 5, 4 contra 6… onde estava o 4-4-2 defensivo do Arsenal? O time perdeu a crucial compactação.

triomsnE aí, em um escanteio para o Arsenal, pum. Bola afastada, Iniesta se joga para tirar a bola da intermediária e ela cai nos pés de Neymar. Marcado, ele clareou a jogada, achou Suárez e correu para receber. O passe deu certo, e Neymar e Messi rapidamente estavam em um 2 contra 2. Tchau. 1 a 0.

O contra ataque do Barcelona é o mais letal de todos os tempos. Porque Messi, Suárez e Neymar são bons finalizadores, bons passadores, bons dribladores, são rápidos e se posicionam bem. E o melhor: parece não haver nenhuma invejinha ali. Se cair no pé de qualquer um deles, com espaço, não há como evitar o gol.

Essa é a marca principal deste Barcelona.

O Arsenal do primeiro tempo e o Atlético de Madri, umas semanas atrás, mostraram que marcar o Barcelona na frente e rapidamente se ajustar atrás, com todos os 11 atletas, complica muito a criação catalã. Obriga Messi a voltar 15 metros e buscar jogo, o que logicamente deixa o gênio mais longe da área e de Suárez e Neymar. Este parece ser o caminho.

Real Madrid e Bayern de Munique, que também estão muito perto das quartas de final, são logicamente os times com mais potencial para derrotar o Barcelona em dois jogos. Mas o Real não parece ter jogadores com perfil de comprometimento defensivo/tático. E o Bayern tem problemas sérios na defesa. Ficou exposto contra a Juventus, imaginem contra Messi, Suárez e Neymar. Vai precisar de 99% de posse de bola, e o 1% restante ainda representará extremo perigo.

A Juventus deu uma demonstração de orgulho, coragem e jogo tático. É incrível como faz muito com pouco. Mas ganhar em Munique já me parece missão impossível.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.