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Julio Gomes

Zé Roberto é top 10 entre jogadores brasileiros nos últimos 20 anos

Julio Gomes

03/12/2015 10h00

Esse post só tem sentido se for respeitado o recorte proposto. 20 anos. Só estamos falando do que aconteceu nos campos entre janeiro de 1996 e dezembro de 2015.

Dito isso, vamos lá. À polêmica!

A imagem de Zé Roberto levantando o troféu de campeão da Copa do Brasil pelo Palmeiras é emblemática. E coroa uma das carreiras mais bonitas e brilhantes do nosso futebol. Zé Roberto está, na visão deste blog, no top 10 de jogadores brasileiros dos últimos 20 anos.

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Para qualquer ranking, deve haver um critério. E cada um escolhe o critério que quiser, ainda mais em um tema tão subjetivo como o futebol.

Na minha visão, é muito importante levar em conta alguns dos critérios mais recorrentes. Talento, qualidade, capacidade de mudar o destino de um jogo, títulos, gols. Mas eu sempre lembro que este é um esporte coletivo e que nem todos os jogadores estão em campo para fazer gols. Então tiro um pouco de peso de alguns critérios que, a meu ver, são superdimensionados nessas discussões de "quem foi melhor".

Por outro lado, gosto de dar peso para outras coisas que costumam ser deixadas de lado. Profissionalismo, o cuidado com os treinamentos e a busca da perfeição técnica, o respeito adquirido nos clubes, ligas, países por onde passa, a capacidade de adaptação em várias posições e modos e velocidades diferentes de se jogar futebol, o comportamento fora de campo, a capacidade de sacrifício pelo time, a consistência semana sim-semana não, a quantidade de temporadas seguidas jogadas em alto nível, sem tantos altos e baixos.

Colocando tudo isso na balança, Zé Roberto é, sim, um dos 10 jogadores de futebol nascidos nesse país mais importantes destes últimos 20 anos.

E quem são os outros 9?

Sei lá, escolham vocês aqui nos comentários.

zeroberto_lusaÉ relativamente fácil fazer uma lista com 10 nomes mais conhecidos que Zé Roberto. Ou 10 nomes de jogadores mais "talentosos". Ou 10 mais decisivos. Ou 10 com mais títulos. Mas aí comecem a pensar no segundo grupo de critérios que eu citei acima, subvalorizados por imprensa e, consequentemente, torcedores.

E comecem a juntá-los com os primeiros critérios, que costumam ser os mais comuns.

E agora, pensem, se vocês fossem donos de um time, 20 anos atrás, em quem você investiria para vestir por 20 anos a camisa de seu clube. Por favor, tentem colocar 10 nomes na frente de Zé Roberto. Difícil, né?

Esse rapaz ficou a minutos de ser campeão brasileiro com a Portuguesa, em 1996. Depois, a minutos de ser campeão europeu com o Bayer Leverkusen, em 2002. Dois clubes que nunca mais chegarão tão perto de feitos assim.

Fez gol em final de Copa América (1997). Foi o melhor jogador do Brasil em uma Copa do Mundo, a de 2006. Isso no elenco mais estrelado que a seleção já teve nas últimas sei lá quantas Copas. Aliás, foi só ali que as pessoas finalmente passaram a prestar atenção em um cara que já era craque havia 10 anos.

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Me mostrem um técnico que reclamou de Zé Roberto. Ou que o tenha barrado. Ou companheiros e ex-companheiros que façam algum tipo de crítica. Ou alguma torcida de time por onde ele tenha passado que tenha ficado na bronca. Ou então algum time em que ele tenha jogado que tenha fracassado de forma retumbante. Ou algum profissional de imprensa que apresente queixas sobre seu comportamento. Ou fotos dele na noitada. Ou me lembrem de expulsões, agressões, confusões em que esteve envolvido.

Zé Roberto ganha nota máxima ou perto disso em todos os critérios que são menosprezados. E não fica atrás de tantos nos critérios mais comuns.

Jogou no Real Madrid, no Bayern de Munique, em gigantes do futebol brasileiro. É respeitado por todos. Ganhou taças (ainda que tenham faltado algumas importantes), foi sempre titular por onde passou. Atuou de forma sublime como lateral, volante, meia de ligação, meia-atacante, jogador avançado pelos lados. Erra pouquíssimos passes. Defende. É um exímio assistente. Finaliza bem nos momentos em que está perto do gol.

Não foram tantos gols. Mas vejam que curiosidade. O primeiro como profissional saiu no mesmo lugar em que ele levantou a taça na quarta-feira. No antigo Palestra Itália, 20 anos atrás (VINTE ANOS!). E vejam que golaço. É só clicar nesse link: https://www.youtube.com/watch?v=basZTMKFquI (costumo dizer que é o gol mais bonito que vi ao vivo no estádio, mas talvez seja um exagero).

Quando olhamos a carreira de um jogador de futebol, não podemos pensar apenas em um punhado de momentos importantes e ignorar todo o resto. Consistência e continuidade têm de ser mais valorizadas.

Nestes 20 anos, poucas carreiras foram mais completas e bem sucedidas em todos os sentidos. O meu top 10 tem Zé Roberto e mais nove.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.