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Julio Gomes

Os times se odeiam, e a noite foi horrorosa na Vila Belmiro

Julio Gomes

26/11/2015 00h02

Um dos grandes desafios no futebol é manter a concentração o jogo todo. Ainda mais em gramado molhado, com chuva, estádio cheio, etc. O Palmeiras teve uma bela atuação defensiva na primeira final contra o Santos. Mas falhou em um lance de lateral. Permitiu o bate e rebate.

E aí falou alto o talento de Gabriel, que aproveitou a bobeada e fez um belo gol. Foi praticamente a única coisa boa (se você não é torcedor palmeirense) que aconteceu durante toda a partida.

Finais costumam ser diferentes, mesmo. Jogos mais amarrados, tensos, com muita coisa em jogo.

Mas não foi por isso que o clássico da Vila foi horroroso. Creio que a razão principal é que os times parecem se odiar. Muitas contas devem ter ficado pendentes após as finais do Paulista e os duelos pelo Brasileiro.

Não foi um jogo tenso esportivamente. Foi um jogo tenso pelas pegadas, entradas, empurrões, cotovelaços, pontapés, xingamentos. Há uma rivalidade em campo entre esse Santos e esse Palmeiras que, sem dúvida alguma, extrapola a rivalidade histórica entre os clubes – que não é tão relevante como em outros duelos regionais.

O Palmeiras conseguiu o que queria. Amarrar a partida, diminuir espaços e não dar o contra ataque para um Santos que é muito veloz e letal nessa jogada. Um ataque contra defesa mais estático e em porção menor do gramado foi benéfico ao time visitante. O jogo teve o ritmo que Marcelo Oliveira queria.

Fora dos planos mesmo foi perder. E aí o Palmeiras vai reclamar – e muito, e com razão – da arbitragem. O pênalti não marcado de David Braz sobre Lucas Barrios, no segundo tempo, foi um escândalo.

Lance fácil para a arbitragem, o jogador do Palmeiras não tinha por que se jogar, já que estava de frente para o gol. Diminui a velocidade para bater, não para provocar o choque. Poderia ser um 1 a 0 para o Palmeiras que mudaria os rumos.

Lembrando que pênalti não é certeza de gol. O Santos perdeu um, com Gabriel (este bem marcado, pois Arouca puxa infantilmente Ricardo Oliveira na área). Lance que também poderia ter mudado a final e dado uma vantagem maior ao Santos, pois possivelmente quebraria o esquema de Marcelo Oliveira.

Santos e Palmeiras deram sequência, na primeira final, à fase ruim dos dois times. Ambos chegam à reta final da temporada jogando mal.

Para a volta, o Santos leva uma clara vantagem (apesar de lamentar muito o inacreditável gol perdido por Nilson nos acréscimos). Não só do resultado, mas porque o jogo pode se colocar como o time mais gosta, tendo o contra ataque à disposição. O Palmeiras viverá um dilema. Se expor logo de cara? Ou fazer um jogo parecido com o da Vila por algum tempo, correndo o risco de irritar a própria torcida?

Foi feio ver camisas tão importantes do nosso futebol povoadas por patrocínios que nem conseguem ser vistos. Foi horrível ver tanta pancadaria. Foi péssimo ver um erro tão grande da arbitragem. Foi risível o gol perdido por Nilson.

Só podemos torcer por um jogo melhor na semana que vem.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.