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Julio Gomes

Ótimo início de Equador e Chile joga pressão inédita sobre potências

Julio Gomes

12/11/2015 23h41

Desde a Copa de 98, as eliminatórias sul-americanas para os Mundiais são disputadas em pontos corridos. Estamos, portanto, na sexta edição com este formato. Duas delas não tiveram a presença do Brasil (a de 98, já que o Brasil tinha sido campeão em 94, e a de 2014, por ser país-sede).

Desde que o formato foi adotado, o Brasil foi o único que não perdeu um jogo sequer em casa. Foram 28 jogos, com 20 vitórias e 8 empates (81% de aproveitamento). A Argentina perdeu só duas vezes em casa – para o Brasil de Dunga, na eliminatória para 2010, e para o Equador, na primeira rodada da atual edição. No total, São 31 vitórias, 11 empates e 2 derrotas em casa (78,8% de aproveitamento).

Sabem quem é o terceiro melhor aproveitamento em casa, com números parecidíssimos com os de Brasil e Argentina?

Uruguai? Colômbia? Chile?

Nada disso. O Equador e sua altitude de Quito. Desde que foi adotado o formato de pontos corridos, o Equador conseguiu incríveis 77,8% de aproveitamento em casa, com 32 vitórias, 9 empates e 4 derrotas. Ganhou 105 dos 135 pontos em disputa. Se em casa é leão, fora de casa é gatinho. Ganhou só 7 de 44 partidas, com só 24% dos pontos conquistados.

O desempenho em casa é o que fez o Equador ganhar vaga para as Copas de 2002, 2006 e 2014. Passou perto em 2010. E só ficou longe mesmo na primeira eliminatória assim disputada, para 98.

Com 9 pontos, três vitórias em três jogos, o Equador é o líder isolado das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018.

Até hoje, somente a Argentina havia conseguido começar tão forte as eliminatórias. Na disputa para a Copa de 2002, os argentinos ganharam as cinco primeiras e acabaram disparados na primeira posição. Na disputa para 2010, ganharam as três primeiras e se classificaram na quarta posição.

Para se ter uma ideia do equilíbrio que marca o continente, nas últimas eliminatórias, para 2014, nenhuma seleção ganhou sequer as duas primeiras partidas. O Brasil só uma vez ganhou as duas primeiras, mas nunca ganhou as três primeiras, como fez o Equador.

Mais um dado interessante. Até hoje, todas as seleções que somaram 7 pontos em seus três primeiros jogos se classificaram para a Copa. É o caso atualmente do Chile, que ganhou as duas primeiras e empatou nesta quinta com a Colômbia.

Para 98, a Colômbia fez 7 pontos em três rodadas. Para 2002, Argentina (9) e Brasil (7). Para 2006, de novo Argentina e Brasil, ambos com 7 pontos. Para 2010, Argentina (9) e Paraguai (7). Para 2014, o Uruguai tinha 7 pontos. Todas essas seleções acabariam entrando no Mundial após o bom início nas eliminatórias.

O histórico, portanto, aponta que Equador e Chile têm possibilidades consideráveis de garantir duas das quatro vagas sul-americanas para a Copa do Mundo da Rússia. O quinto colocado terá de enfrentar a repescagem.

Nunca, pois, Argentina e Brasil se enfrentaram com tal nível de pressão, como será nesta sexta-feira. Foi-se o tempo em que as duas potências já estavam classificadas antes mesmo de entrar em campo.

A Argentina nunca começou tão mal. Se não vencer, será a primeira vez que ficará sem vitórias nos três primeiros jogos. Nas eliminatórias para 98 e 2014, quando o Brasil não estava na disputa, os argentinos fizeram apenas 4 pontos nas três primeiras rodadas, mas depois arrancaram e acabaram na primeira posição.

Já o Brasil, se perder ou empatar na Argentina nesta sexta, também terá tido seu pior início em eliminatórias por pontos corridos.

Se sabia de antemão que seleções como Chile e Colômbia tinham força para fazer ótima eliminatória. O Uruguai é sempre forte. Não se contava era com o início fulminante do Equador.

Nunca o superclássico teve as duas potências tão contra a parede, com técnicos contestados, seleções que inspiram pouca confiança e poucos pontos na tabela. Alguém sairá machucado nesta sexta-feira. Ou até os dois.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.