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Julio Gomes

Champions: Chegou a hora de Bayern, PSG e City irem mais longe

Julio Gomes

27/08/2015 18h50

Desde que a Champions League passou a adotar a presença de mais campeões nacionais de países de menor expressão na Europa (no lugar de terceiro, quarto colocados de ligas mais fortes), passamos a ter mais grupos "baba" e menos grupos "da morte". O sorteio da fase de grupos, como vimos nesta quinta-feira, perdeu um pouquinho do encanto, do suspense.

Duas das chaves colocam frente a frente times que podem chegar à final. Real Madrid e PSG, no grupo A, e Bayern de Munique e Arsenal, no grupo F, não devem ter problemas para passar. Mas os duelos diretos, além de serem chamativos, os mais interessantes do segundo semestre, serão importantíssimos para a definição do vencedor da chave.

Sempre é bom lembrar. Lá no ano que vem, quando começar o mata-mata, os oito primeiros colocados serão emparelhados para enfrentar os oito segundos (sorteio). E os primeiros fazem o jogo de volta em casa. Ou seja, ser primeiro é, sim, relevante. Para escapar de um possível duelo complicadíssimo e para decidir a vaga na próxima fase no próprio estádio.

Desde que o formato atual (fase de grupos com oito chaves, oitavas, quartas, semi e final) foi instituído, em 2003/2004, somente três vezes um time foi segundo colocado em seu grupo e depois conquistaria o título. E foram os três campeões mas improváveis nesses anos todos: Porto (2004), Liverpool (2005) e Inter de Milão (2010) – os dois títulos de Mourinho, com times que não eram favoritos, e o milagre de Istambul do Liverpool de Benítez. Nas outras nove ocasiões (75% das vezes), o campeão foi um time que ganhou seu grupo na primeira fase.

A estatística mostra. Ser primeiro é bom. E PSG x Real e Bayern x Arsenal são duelos interessantes por isso.

Barcelona, Chelsea e Manchester United, candidatos ao título, pegaram chaves em que dificilmente deixarão a primeira colocação escapar. Podem perder pontos aqui e ali, claro que podem. Mas serão primeiros. O mesmo serve para o Atlético de Madri, vice-campeão em 2014 e ainda com uma base de respeito e a chance de fazer estragos no mata-mata.

A chave da morte é mesmo a D, com Juventus, Manchester City, Sevilla e Borussia Moenchengladbach. Um grupo com representantes das quatro maiores ligas europeias: Itália, Inglaterra, Espanha e Alemanha.

Isso aconteceu só uma vez nos últimos 12 anos, com a Champions no formato atual. Foi em 2011/2012, na primeira aparição do City na Champions nesta fase "novo rico" do clube. Aquele ano teve um grupo com Bayern de Munique, Napoli, City e Villarreal. Passaram Bayern e Napoli, o representante inglês foi terceiro.

O City vai para a quinta Champions consecutiva. Nas duas primeiras, não passou da fase de grupos. Nas últimas duas, ficou em segundo no grupo (atrás do Bayern nas duas vezes) e acabou enfrentando o Barcelona nas oitavas de final – duas eliminações. Não tem dado sorte com esses sorteios de grupos e oitavas, é verdade.

Mas ficou também exposto como o City, por mais que tenha contratado gente de peso, não atingiu nível de outras potências. Será que desta vez dará um passo a mais? Com boas contratações a a manutenção do ótimo técnico que tem, creio que chegou a hora.

A Juventus decepcionou dois anos atrás, mas foi finalista da última edição. Perdeu Tevez, Pirlo e Vidal. Segue forte, mas será um ano duro. O Sevilla conseguiu importantes feitos europeus na última década, não pode ser desprezado. E o Borussia menos famoso vem de uma liga que só cresce, a liga do futebol campeão do mundo, e pode surpreender. É um grupo de difícil prognóstico.

Os favoritos são os de sempre. O Barcelona não começou a última Champions com o mesmo status que começa a atual. No ano passado, Suárez estava suspenso, Messi vinha de seu pior ano e Neymar ainda era uma incógnita. O trio encaixou e o Barça acabou ganhando tudo. Nunca um time repetiu título na era Champions. O Barça, com elenco menos farto que outros, vai depender – e muito – de ter seus três principais jogadores inteiros fisicamente na reta final da temporada.

O Real Madrid terá uma temporada difícil com Rafael Benítez, um treinador que talvez tenha chegado ao clube do coração dez anos depois do que deveria. Tem muito elenco, muito jogador bom, mas, por enquanto, não inspira confiança. Assim como o Chelsea, de Mourinho, que vive início de ano conturbado.

Acredito que o PSG tenha força suficiente para, afinal, dar um passo a mais e chegar a uma semifinal ou até uma decisão. Na última Champions, passou do Chelsea e ficou no Barça. Não gosto de Blanc no comando, mas gosto, e muito, de Di María. É a contratação mais relevante desta temporada.

E vejo o Bayern de Munique, que já era absurdamente forte e ficou ainda mais, como o time a ser batido. No primeiro ano, Guardiola parou no Real Madrid. No segundo, parou no Barcelona. No terceiro, creio, não vai parar em ninguém. É o meu palpite para campeão da Europa no ano que vem.

Se fossem pontos corridos, o Bayern sobraria. Mas mata-mata é mata-mata (amo).

E aqui vão as previsões para a fase de grupos. As "surpresas" seriam PSG à frente do Real Madrid no grupo A e a eliminação precoce da Juventus no grupo da morte. Deixe tua previsão aqui no blog! Em dezembro, vemos quem acertou mais.

Grupo A:
1- PSG
2- Real Madrid
3- Shakhtar
4- Malmo

Grupo B:
1- Manchester United
2- Wolfsburg
3- PSV
4- CSKA Moscou

Grupo C:
1- Atlético de Madri
2- Benfica
3- Galatasaray
4- Astana

Grupo D:
1- Manchester City
2- Sevilla
3- Juventus
4- Borussia Moenchengladbach

Grupo E:
1- Barcelona
2- Bayer Leverkusen
3- Roma
4- BATE

Grupo F:
1- Bayern de Munique
2- Arsenal
3- Olympiacos
4- Dinamo Zagreb

Grupo G:
1- Chelsea
2- Porto
3- Dynamo Kiev
4- Maccabi Tel Aviv

Grupo H:
1- Valencia
2- Zenit
3- Lyon
4- Gent

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.