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Julio Gomes

Não há desfalque que justifique a apatia do Corinthians

Julio Gomes

08/09/2013 18h33

O Corinthians pode ter dado hoje adeus às chances de título do Campeonato Brasileiro. Para ser hexa, terá de conseguir algo inédito.

Sim, falta um turno inteiro. Mas são 10 pontos atrás do Cruzeiro, que só se fortalece, não tem mais a Copa do Brasil para se distrair e não tropeça. Sem contar os times entre eles, com o Inter crescendo, o Grêmio arrancando vitórias (de todos os jeitos), Botafogo e Atlético-PR, que não dão muitos sinais de perda de fôlego.

Em 2009, na maior remontada dos pontos corridos, o Flamengo fechou o turno com 29 pontos, os líderes Palmeiras e Inter tinham 37 e ainda havia mais quatro clubes na frente dos cariocas. Ou seja, nem mesmo o Flamengo, aquele de Adriano e Pet, precisou dar a volta em uma distância tão grande quanto a atual entre Cruzeiro e Corinthians. O São Paulo, em 2008, também foi buscar 8 pontos que tinha de desvantagem para o Grêmio ao final do turno.

O que mais assusta no Corinthians é a apatia. Sim, havia muitos desfalques para enfrentar o Náutico. No ataque, quase todo mundo: Pato, Guerrero, Emerson, Douglas e Renato Augusto. Mas todos os clubes sofrem com desfalques, essa é a grande característica do campeonato de pontos corridos modelo maratona. E justamente o elenco grande e caro, mais do que qualquer outro, era o grande fator que indicava um Corinthians forte na competição.

O Náutico é um time que já está rebaixado. Perde de todo mundo, já deveria estar planejando a Série B, pois tem condições para voltar e ficar na elite. Time campeão não perde ponto em casa contra um lanterna tão lanterna. Mas o Corinthians, perdeu.

O problema do ataque, todos conhecem. Desfalcado, ainda pior. Mas o time passou 75 minutos especulando, jogando daquele jeito "ganho na hora que quiser, uma hora a bola entra". Só nos 10, 15 minutos finais os jogadores se deram conta que precisam correr e tentar, que o gol não sairia automaticamente. A essa hora, a torcida já pedia até "Zizao". Emblemático.

Se o Corinthians tivesse pressionado, jogado com volume e vontade desde o começo, o gol fatalmente teria saído. E aí daria para descansar. Mas os caras já entram em campo descansando! É inexplicável.

No fim, a torcida vaiou. Vaiou com razão. Vaiou, como qualquer outra torcida teria vaiado. Uma coisa é tentar e não conseguir. Outra é tentar de mentira, porque aí você empata de verdade.

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Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.